O DNA completo de um futuro bebé circula no sangue da mãe e pode ser sequenciado, segundo dizem os investigadores da Universidade de Hong Kong (China). Contudo, o genoma integral da criança em gestação não é facilmente acedido, mas pode ser reconstituído a partir de células fetais. O estudo vem publicado na «Science Translational Medicine».
Segundo a investigação, liderada por Dennis Lo, para detectar anomalias cromossomáticas ou doenças hereditárias, as técnicas mais usadas são a amniocentese e a biópsia de células do trofoblasto – métodos que dão acesso à informação genética do feto –, mas são processos que aumentam os riscos de falso parto. A equipa de Dennis Lo decidiu desenvolver outras técnicas para evitar este tipo de exame médico.
Já, em 1997, se tinha mostrado que pequenos pedaços de DNA fetal circulavam no sangue da mãe, mas as quantidades eram ainda de pequena concentração (dez por cento) para fazer o seu levantamento. Entretanto, foram desenvolvidos novos testes para despiste de anomalias nos cromossomas, como a responsável pela trissomia 21, por exemplo.
Para chegar a estes 94 por cento de DNA, os cientistas estudaram casos de pais portadores de uma mutação que poderia ser transmitida através do sangue – a talassemia beta. Para além de métodos clássicos, como a biopsia e outros testes, a equipa decidiu procurar, no sangue materno, células paternais, para perceber se a mutação teria sido transmitida pelo pai.
No entanto, chegaram à conclusão que era mais difícil de determinar a mutação transportada pelo DNA da mãe do que a que teria sido transmitida ao feto. Os investigadores perceberam que a criança era portadora da doença sem sofrer dela. O estudo mostra que o genoma completo do feto pode ser encontrado no sangue da mãe, mas a técnica ainda não é completamente aplicável, para além de ser muito dispendioso.
2010-12-10
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46415&op=all