Depressão mascarada com dores físicas

Sintomas físicos associados a maior severidade da doença.
Dores nas costas, tonturas e mal-estar gástrico podem ser sinais mascarados de uma depressão ou ansiedade crónica. Este quadro clínico nem sempre é lido à primeira e tende a confundir os especialistas, atrasando o diagnóstico correcto.

Sendo assim, os sintomas físicos são associados a uma maior severidade desta patologia. Estima-se que 35 por cento destes casos não sejam diagnosticados e os mais comuns padecidos pelos pacientes falta de apetite sexual (incapacidade de sentir prazer) e fadiga (impossibilidade de realizar tarefas) e ambos são determinantes na altura de diagnosticar o transtorno depressivo, entre outros como palpitações e tonturas.
A dor pode variar de num dia para o outro. Entre os factores que indicam uma possível depressão estão o facto de nenhum analgésico funcionar e a sensação de tristeza pode durar mais de duas semanas.

Não é fácil para o médico perceber de imediato de que se trata realmente. A presença conjunta de ansiedade, depressão e sintomas somáticos tornaram-se mais norma do que excepção, segundo o especialista Luis Caballero disse ao diário espanhol «EL País».

2011-05-30

Questionário simples pode acelerar diagnóstico do autismo (Teste foi realizado com crianças de um ano e permitiu a antecipação do tratamento)

Estudo envolveu dez mil bebés
Fazer um pré-diagnóstico do autismo até aos 12 meses de idade pode estar ao alcance de um questionário simples de 24 perguntas sobre gestos, compreensão e comunicação. Demora apenas cinco minutos a ser respondido e revelou-se um bom instrumento para identificar os primeiros sinais do distúrbio em crianças, de acordo com um estudo publicado no “Journal of Pediatrics".
Este trabalho americano foi o primeiro a demonstrar que uma simples ferramenta de triagem pode ser usada para detectar o autismo, sendo que a sua principal vantagem consiste em poder-se iniciar o tratamento muito mais cedo do que o habitual, sublinhou Karen Pierce, investigadora do Centro de Autismo da Universidade da Califórnia, nos EUA, e primeira autora do estudo.

Normalmente, o autismo é diagnosticado mais tarde, quando os primeiros sintomas são notados pelos pais, pelo que o seu tratamento começa, em média, aos seis anos. Contudo, quanto mais cedo for detectado e o tratamento iniciado, melhor pode ser o desenvolvimento e a aprendizagem da criança.
Neste estudo, a equipa de Karen Pierce reuniu um grupo de 137 pediatras em San Diego, que, ao longo de um ano, fizeram o questionário aos pais de todos os bebés que os consultavam. Foram colocadas perguntas como “Quando o seu filho brinca, procura saber se está a olhar para ele?” ou “ O seu filho sorri a olhar para si?”.
Dos mais de dez mil bebés envolvidos no estudo, 184 “reprovaram” nos testes e, quando as respostas sugeriam sintomas de autismo, as crianças eram sujeitas a exames mais complexos, realizados semestralmente até aos três anos.

Foi assim verificado que do grupo que demonstrou alguns sintomas, 75 por cento dos elementos tinham, efectivamente, algum problema. O diagnóstico de autismo foi feito em 32 crianças; 56 apresentaram atrasos na fala; nove tinham atrasos comportamentais e 36 foram classificados com outros problemas.
Depois desta triagem, os bebés diagnosticados com autismo ou algum atraso no desenvolvimento e 89 por cento das que tinham atrasos na linguagem foram encaminhados para terapias adequadas, em média, aos 17 meses, começando a ser tratadas aos 19 meses, muito antes da idade em que tal começa a acontecer.
A eficácia deste teste no diagnóstico do distúrbio levou a que 96 por cento dos pediatras envolvidos no estudo continuassem a usá-lo como ferramenta de triagem.

2011-04-29

Medicamento para o HIV pode combater cancro do colo do útero (Fármaco elimina células infectadas pelo papiloma vírus humano)

HPV é dos principais responsáveis pelo cancro do colo do útero
Uma equipa de investigadores da Universidade de Manchester, no Reino Unido, descobriu que o fármaco Lopinavir, utilizado para tratar portadores do vírus da sida, pode combater de forma eficaz o papiloma vírus humano (HPV), associado ao desenvolvimento de cancro no colo do útero.

Um estudo publicado na revista “Antiviral Therapy”, mostrou que este medicamento tem a capacidade de alterar um mecanismo de defesa do HPV em células de mulheres infectadas com o vírus.

Contudo, os seus efeitos positivos contra o vírus responsável pelo desenvolvimento de tumores cancerígenos no colo do útero, e que nos homens está associado ao cancro peniano, só ocorrem se as pacientes receberem uma dose 15 vezes superior à aplicada nos doentes com sida. Desta forma, para os cientistas, o melhor método de aplicação seria por meio de cremes, pois, actualmente, o medicamento é disponibilizado apenas em formato de comprimidos.
De acordo com os investigadores, o Lopinavir actua no organismo ao eliminar as células infectadas pelo HPV, sem provocar danos significativos naquelas que são saudáveis. Tal acontece, porque o medicamento activa um sistema anti-viral do próprio organismo que é suprimido pelo HPV.

“As células infectadas em que o fármaco actua não são do cancro em si, mas o que se tem de mais próximo das células encontradas numa infecção de HPV pré-cancerígena”, referiu Ian Hampson, membro da equipa responsável pelo estudo, que, em 2006, tinha realizado outro trabalho em que identificou o mesmo efeito do Lopinavir através de testes de laboratório.

Para a equipa da Universidade de Manchester, esta descoberta pode melhorar o tratamento do cancro do colo do útero, cujos casos têm vindo a aumentar devido à transmissão sexual do vírus HPV, um das causas mais comuns da doença.

Já existem vacinas para o HPV, mas são ineficazes em mulheres já infectadas pelo vírus e não protegem contra todos as formas do vírus, para além de que são muito caras e não chegam assim a toda a gente.

2011-05-05

Bactérias intestinais interferem com química do cérebro (Acontece nomeadamente nos casos de ansiedade e de depressão)

Algumas doenças gastrointestinais são associadas a ansiedade ou depressão

De acordo com um estudo publicado na revista “Gastroenterology”, as bactérias intestinais podem influenciar a química do cérebro e o comportamento, nomeadamente nos casos de ansiedade e de depressão.

Esta conclusão é apontada, pela primeira vez, por cientistas da McMaster University, no Canadá, e pode tornar-se de maior relevância tendo em conta vários tipos comuns de doença gastrointestinal, incluindo a síndrome do intestino irritável, que são frequentemente associados a ansiedade ou a depressão.

Além disso, há investigadores que acreditam que alguns transtornos psiquiátricos, tais como o autismo de início tardio, podem estar associados com um teor anormal de bactérias no intestino.

Pessoas saudáveis têm, normalmente, biliões de bactérias no intestino que realizam uma série de funções vitais para a saúde como recolher energia da dieta alimentar, proteger contra infecções e fornecer alimentação às células do intestino.

Nesta investigação foram utilizados ratos adultos saudáveis. Ao alterarem o conteúdo bacteriano normal do intestino com antibióticos, os cientistas verificaram que as cobaias passaram a demonstrar alterações no comportamento, tornando-se menos cautelosas ou ansiosas.

Esta mudança foi acompanhada pelo aumento do factor neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), que tem sido associado à depressão e à ansiedade. Contudo, com a interrupção dos antibióticos, os animais voltaram ao comportamento normal.

Premysl Bercik, um dos investigadores envolvidos neste estudo, referiu que estes resultados são importantes e lançam bases para mais investigações sobre o potencial terapêutico das bactérias probióticas no tratamento de distúrbios comportamentais, especialmente os associados às condições gastrointestinais, tais como a síndrome do intestino irritável.

2011-05-24

Desvendado «segredo» da bactéria mais mortal para os humanos (Estafilococo não afecta outros animais)

Investigadores americanos descobriram a razão pela qual a bactéria estalifococo (Staphylococcus aureus) ataca apenas os humanos, tornando-se mortal para alguns, e não outros animais.
"Esta bactéria é a pior ameaça à saúde pública", afirmou Eric P. Skaar, autor do estudo publicado na revista “Cell Host & Microbe”, acrescentando que este organismo é a principal causa de infecções cardíacas e da pele e que é um dos maiores impulsionadores da pneumonia.

A investigação realizada na Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, permitiu verificar que esta bactéria evoluiu de forma a focar regiões específicas da hemoglobina humana a fim de se alimentar do ferro que esta contém.
Em testes realizados com estafilococos criados em laboratórios, Eric P. Skaar constatou que estes preferem o sangue humano ao de outros animais, como ratos ou babuínos. Tal acontece porque a bactéria agarra-se a segmentos da hemoglobina que existem especificamente no ser humano.

De acordo com os investigadores, é também por este motivo que, por vezes, é complicado estudar infecções por estafilococos em ratos. Para contornar este problema, os cientista poderão agora injectar hemoglobina humana nos animais que forem sujeitos a testes laboratoriais.

Embora seja a bactéria mais mortal para a espécie humana, há pessoas resistentes ao estafilococo, pelo que os investigadores acreditam que estas excepções podem dever-se a variações genéticas que tornam a hemoglobina impenetrável ao ataque bacteriano.

Se esta hipótese for verificada em novos estudos, Eric P. Skaar adivinha que, no futuro, os médicos poderão determinar com testes simples se a hemoglobina dos pacientes é ou não imune a esta bactéria, actuando de imediato em função dos resultados. O investigador exemplificou dizendo que, em casos de emergência, as pessoas que fossem susceptíveis aos estafilococos poderiam receber de imediato antibióticos intravenosos antes de procedimentos de risco, como cirurgias.

2010-12-30

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46724&op=all

Differential microRNA regulation of HLA-C expression and its association with HIV control

The HLA-C locus is distinct relative to the other classical HLA class I loci in that it has relatively limited polymorphism1, lower expression on the cell surface2, 3, and more extensive ligand–receptor interactions with killer-cell immunoglobulin-like receptors4. A single nucleotide polymorphism (SNP) 35 kb upstream of HLA-C (rs9264942; termed −35) associates with control of HIV5, 6, 7, and with levels of HLA-C messenger RNA transcripts8 and cell-surface expression7, but the mechanism underlying its varied expression is unknown. We proposed that the −35 SNP is not the causal variant for differential HLA-C expression, but rather is marking another polymorphism that directly affects levels of HLA-C7. Here we show that variation within the 3′ untranslated region (UTR) of HLA-C regulates binding of the microRNA hsa-miR-148 to its target site, resulting in relatively low surface expression of alleles that bind this microRNA and high expression of HLA-C alleles that escape post-transcriptional regulation. The 3′ UTR variant associates strongly with control of HIV, potentially adding to the effects of genetic variation encoding the peptide-binding region of the HLA class I loci. Variation in HLA-C expression adds another layer of diversity to this highly polymorphic locus that must be considered when deciphering the function of these molecules in health and disease.

MicroRNAs (miRNAs) are a class of non-protein-coding RNAs that are estimated to regulate 30% of all genes in animals9 by binding to specific sites in the 3′ UTR, resulting in post-transcriptional repression, cleavage or destabilization10, 11, 12. The 3′ UTR of the HLA-C gene is predicted to be a target for 26 distinct human miRNAs using three miRNA-target-prediction programs (Supplementary Fig. 1), of which three (miR-148a and miR-148b, which bind the same target site, and miR-657) were shown to have the greatest likelihood of binding. We sequenced the 3′ UTRs of the common HLA-C alleles (Supplementary Fig. 2) and show that the two binding sites of these three miRNAs are polymorphic (Supplementary Fig. 3a). The binding site for miR-148a/miR-148b contains a single base pair insertion/deletion at position 263 downstream of the HLA-C stop codon (rs67384697G representing the insertion (263ins) and rs67384697− representing the deletion (263del)) along with other precisely linked variants (259C/T, 261T/C, 266C/T). These variants are likely to impose a restriction in miR-148a/miR-148b binding, as prediction algorithms indicate that the binding of these miRNAs to the alleles marked by 263ins (for example, Cw*0702, a low-expression allotype) is more stable than to alleles with 263del (for example, Cw*0602, a high-expression allotype) (Supplementary Fig. 3b). Similarly, alleles with 307C within the miR-657 target site are predicted to be better targets of miR-657 than those with 307T (Supplementary Fig. 4). Thus, variation in the 3′ UTR of HLA-C may influence the interaction between these miRNAs and their putative binding sites in an allele-specific manner, potentially leading to differential levels of HLA-C allotype expression.

To test directly whether the variation in the HLA-C 3′ UTR affects levels of protein expression, the full-length 3′ UTRs containing intact miR-148a/miR-148b- and miR-657-binding sites (that is, 263ins and 307C, respectively; Cw*0702, Cw*0303, Cw*0401, Cw*0701) and disrupted binding sites (that is, 263del and 307T, respectively; Cw*0602, Cw*0802, Cw*1203, Cw*1502) were each cloned downstream of the luciferase gene in a pGL3 reporter construct (Fig. 1a). The constructs were then transfected into HLA class I negative B721.221 cells, and the level of luciferase activity was measured (fold increase of relative light units). Although the Cw*0602 3′ UTR repressed luciferase activity as compared to the control containing no 3′ UTR, the constructs containing intact miRNA-binding sites (that is, 263ins and 307C; Cw*0702, Cw*0303, Cw*0401, Cw*0701) produced significantly lower luciferase activity relative to the construct containing the 3′ UTR of Cw*0602, which contains 263del and 307T (Fig. 1b). However, 3′ UTRs from other alleles with the 263del and 307T variants (Cw*0802, Cw*1203, Cw*1502) did not show significant variation in luciferase activity as compared to Cw*0602 (Fig. 1b). Psicheck2 reporter constructs containing 3′ UTRs of Cw*0602 also produced significantly higher luciferase activity as compared to those with Cw*0702 3′ UTR (Supplementary Fig. 5a), indicating that this effect was reproducible in a distinct reporter construct. Further, pGL3 constructs containing 3′ UTRs of Cw*0602 and Cw*0702 in three additional cell lines showed the same pattern as that seen in B721.221 cells, indicating a consistent difference of these 3′ UTRs in the regulation of HLA-C expression that is independent of cell type (Supplementary Fig. 5b–e). Thus, HLA-C 3′ UTR alleles characterized by variation at positions 263 and 307 within miRNA-binding regions differentially regulate gene expression.
Smita Kulkarni, Ram Savan, Ying Qi, Xiaojiang Gao, Yuko Yuki, Sara E. Bass, Maureen P. Martin, Peter Hunt, Steven G. Deeks, Amalio Telenti, Florencia Pereyra, David Goldstein, Steven Wolinsky, Bruce Walker, Howard A. Young & Mary Carrington

Full article: http://www.nature.com/nature/journal/v472/n7344/full/nature09914.html

Cancro esporádico - o caso de Prestige (Crónica)

Novo estudo reforça relação entre problemas de saúde e maré negra
Como já se sabe o cancro é uma das principais preocupações do mundo científico do século XXI e é o pior pesadelo de qualquer pessoa. O aumento da incidência de cancro é atribuído essencialmente aos dois factores: o aumento da esperança média de vida e a poluição.
Cancro é uma doença genética, mas nem sempre hereditária. Apenas 5% dos casos do cancro são hereditários, os indivíduos apresentam genes que aumentam a probabilidade de aparecimento do cancro, mas só se pode dizer que existe uma predisposição para o aparecimento do cancro. Exemplificando: em cem mulheres com cancro da mama (sendo este um tipo de cancro que pode ser transmitido hereditariamente) apenas 7 apresentam genes que as predispõem para este tipo de cancro, por outro lado em cem mulheres com estes genes só 6 irão desenvolver o tumor.
95% dos cancros são espontâneos, podem ter origem nas mutações genicas ou cromossómicas estruturais que transformam os proto-oncogenes em oncogenes e desactivam, geralmente, os genes supressores tumorais.
Os proto-oncogenes são genes que codificam proteínas que estimulam a divisão celular, normalmente, estão inibidos de forma que uma célula normal só se consiga dividir-se 50-60 vezes durante a sua vida. Nos indivíduos adultos estes genes estão desactivados (só se activam para reparação de tecidos lesionados e também estão funcionais nos fetos, pelo que as células cancerígenas assemelham-se à células estaminais embrionárias). Porém, se ocorrer uma mutação genica por substituição de um nucleótido que torna a proteína sintetizada mais activa, o que aumenta a divisão celular, passando a célula dividir-se descontroladamente. Outra possibilidade é o desenvolvimento do tumor devido a uma desactivação de genes supressores tumorais, que estão activos em células normais do indivíduo adulto, inibindo a mitose descontrolada. Os genes supressores tumorais quando desactivados deixam de produzir as proteínas inibidoras da divisão celular e a célula mutante começa a dividir-se descontroladamente.
As mutações são as causas imediatas de cancro, pois descontrolam a regulação genica da célula e a mitose celular. Entre várias mutações genicas e cromossomicas existem alguns tipos que originam tumores. Por exemplo, as substituições de nucleótidos num proto-oncogene podem original uma proteína mais activa do que a normal o que aumentará a divisão celular. Pelo mesmo mecanismo, a substituição de um nucleótido na sequência de um gene supressor pode originar uma mutação com perda de sentido na proteína sintetizada e pode afectar o seu funcionamento (alteração evidente), pode também ocorrer uma mutação nonsense na proteína (quando é sintetizada uma proteína demasiado curta e não funcional. Quanto às mutações cromossímicas, as inversões podem deslocar um proto-oncogene para um promotor mais activo e serão sintetizadas mais proteínas estimuladoras de mitose, o mesmo acontece se um proto-oncogene, na sequência de uma inversão ou translocação recíproca (exemplo: cromossoma da Filadélfia), for deslocado para um gene promotor mais activo.
No entanto, normalmente o cancro é provocado pelas várias mutações consecutivas, erros da replicação do DNA e da mitose que não são reparados nem as células mutantes são detectadas e destruídas pelo sistema imunitário. Frequentemente, existe uma série de activação de proto-oncogenes que se transformam em oncogenes e a desactivação de genes supressores tumorais o que permite a divisão descontrolada das células cancerosas, torna-as imortais (não sofrem morte celular programada – apoptose), fá-las perder as ligações intercelulares e permite espalhar-se pelo todo o corpo através de vasos sanguíneos e linfáticos formando tumores secundários (metástases). Assim, o cancro pode levar mais de 10 anos até ser detectado devido ao aparecimento de sintomas. É habitual os cientistas darem o exemplo do cancro da mama – um tumor demora 10 anos para atingir 1 cm de diâmetro.
Se considerarmos as causas primeiras das mutações que estão na origem do cancro podemos distinguir factores naturais (mutações espontâneas) e factores como radiação ionizante, radiação Ultravioleta, produtos químicos (carcinogénios) e vírus. No quotidiano nós contactamos com vírus, radiação solar e radiações de aparelhos eléctricos, mas se não conseguimos evitar por completo estes factores temos de reduzir a exposição a um dos mais perigosos – os carcinogénios. Entre estes produtos químicos podemos distinguir o benzeno, um dos componentes voláteis do petróleo bruto. Este químico é altamente prejudicial à saúde humana, sobretudo durante as exposições prolongadas.

Segundo um recente estudo, realizado em Espanha, o DNA de alguns pescadores terá sofrido uma mutação após terem estado em contacto com a maré negra provocada pelo desastre do Prestige, em 2002. Já tinham sido lançadas algumas suspeitas há um ano, mas o novo trabalho reforça a hipótese de relação entre o acidente e as alterações genéticas dos voluntários nas operações de limpeza. Alguns deles, tinham ajudado a limpar a costa e, mal equipados, estiveram durante meses expostos ao petróleo derramado.
Este mistério tem intrigado a comunidade científica. Após o sucedido, os médicos que seguiram pessoas ligadas à catástrofe perceberam modificações no património genético destes, ao longo dos anos.
Doenças crónicas, achaques repetidos e risco de desenvolver doenças cancerígenas são algumas das consequências das composições de hidrocarboneto transportadas pelo barco responsável pelas mutações.
Coincidência ou não, os sintomas revelaram-se nos pescadores em contacto com a maré negra, mas a alguns pacientes foi-lhes diagnosticada a doença de Huntington – o que levantou dúvidas. Contudo, a exposição aguda aos hidrocarbonetos aromáticos (presentes no petróleo) tem sido associada a sintomas respiratórios e alguns compostos deste combustível, como o benzeno, são cancerígenos.
O petroleiro liberiano naufragou a 13 de Novembro de 2002 na costa da Galiza, tendo derramado 50 mil toneladas de combustível, transformou-se num dos piores acidentes ambientais da história.
(   http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=47487&op=all ) 

O fenómeno que se verificou após a catástrofe ecológica de Prestige na costa espanhola provocou não só um desequilíbrio biológico, mas também vários repercussões ao nível da saúde humana. Muitos dos voluntários e pescadores que tiveram expostos aos vapores nocivos de benzeno durante um tempo prolongado começaram manifestar doenças genéticas, como as mutações raras e cancro. Dado que a catástrofe aconteceu em 2002, passados os 9 anos é possível detectar as alterações ao médio e longo prazo que ocorreram no organismo das pessoas, nomeadamente no genoma humano.
Hoje em dia, sabe-se que algumas regiões do genoma matam com maior facilidade, é por essa razão que são mais frequentes uns tipos de cancros do que outros. A exposição aos carcinogénios, como alguns hidrocarbonetos aromáticos, provoca o aparecimento de cancro devido a mutações nas regiões do DNA que são mais vulneráveis. Assim, o cancro pode aparecer passando muitos anos nas pessoas que estiveram expostas a estes produtos químicos durante o desastre ambiental de Prestige. O mais interessante é que para além de doenças genéticas como o cancro foram diagnosticadas as doenças raras e mortais como a doença de Huntington que é causada por uma mutação. Trata-se de um alelo autossomico dominante o que aumenta a probabilidade de os filhos de progenitores afectados sofrerem desta doença. Não se sabe com certeza se a causa do aparecimento desta mutação é o benzeno, mas como é uma doença hereditária transmitida por um alelo dominante se a causa fosse anterior ao derrama isso seria visível nas arvores genealógicas dos habitantes, certamente haveria casos de doença nas gerações anteriores que não estiveram expostas ao benzeno. Isto leva-nos a pensar que para além de provocar o cancro, que embora é uma patologia grave ainda pode ser tratado, o petróleo derramado pode provocar o aparecimento de doenças genéticas graves e até afectar as gerações futuras, uma vez que as células sexuais podem também sofrer mutações genicas e cromossómicas que serão transmitidas a descendência.
Deste modo, as consequências de derrame do petróleo podem afectar as gerações futuras, devido a mutações que podem afectar as células sexuais. O problema de catástrofes ecológicas torna-se cada vez mais preocupante quando maior é o nosso conhecimento dos mecanismos de aparecimento do cancro e das mutações em geral.
Em suma, perante as novas investigações que detectam as alterações no genoma humano derivadas de maré negra podemos dizer que as catástrofes ambientais já não são o alvo da preocupação dos ambientalistas mas também dos médicos. O derrame do petróleo não é só capaz de destruir um ecossistema, pode provocar, ao longo prazo, alterações no genoma humano e, certamente, animal. As consequências serão desastrosas – a catástrofe ambiental originará uma catástrofe genética.
A intervenção do homem no meio ambiente cada vez mais altera o clima, provoca aumento do buraco de ozono e polui o ambiente. Em consequência de tudo isto cada vez mais espécies são postas em perigo de extinção. O próprio homem sofre da sua acção irracional: cada vez mais casos de cancros da pele e cataratas são detectados devido ao aumento da taxa da radiação ultravioleta B que chega a superfície terrestre. Os produtos transgénicos (OGM) são uma outra possível ameaça que poderá provocar a contaminação de organismos. Agora suspeita-se que as marés negras podem provocar mutações severas em seres vivos, tanto em animais como em pessoas.

Belerofonte (pseudónimo)

3D é mais eficaz no tratamento de fobias (Utilização desta tecnologia permite resultados mais rápidos e intensos)



Imagens 3D provocam maior activação dos dados fisiológicos

 Imagens em formato 3D provocam “emoções com maior intensidade” do que as tradicionais fotografias a 2D e tornam-se mais eficazes no tratamento de fobias ou situações de stress pós-traumático, conclui um estudo hoje divulgado.
 Desenvolvida nos últimos dois anos e já em fase de conclusão, a investigação é liderada por Luís Monteiro, docente da Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário (CESPU) e encontra-se inserida numa “bolsa da Fundação Bial, no valor de 25 mil euros”.
Uma vez que no tratamento de fobias os pacientes são expostos e confrontados aos “estímulos fóbicos”, muitas vezes com imagens fotográficas, este estudo indica que, “através da realidade virtual, os resultados são mais rápidos, mais intensos e o método mais fácil de realizar, porque é possível recriar os mais diversos cenários” através de computador, declarou o investigador.

 Este estudo envolveu uma amostra de 214 pessoas que foram sujeitas a recolhas de informação de resposta fisiológica, através da actividade eléctrica da pele e observação do ritmo cardíaco. “Houve uma maior activação [dos dados fisiológicos] quando confrontados com as imagens 3D do que com fotografias”, sublinhou Luís Monteiro, acrescentando que foram ainda efectuados testes ao nível da actividade cerebral.
 Para o investigador, através da realidade virtual “é possível reduzir os tempos de recuperação”, uma vez que se consegue sessões com maior intensidade. O relatório final deste trabalho, do qual sairão quatro artigos científicos, será entregue à Bial em Setembro.
Luís Monteiro referiu que, para submeter as pessoas aos testes, foram usados três cenários gráficos em 3D, com o objectivo de estimular diferentes reacções emocionais, designadamente um cenário positivo ou favorável, um neutro e outro negativo ou desfavorável. Este tipo de equipamento utilizado, que implica o uso de óculos 3D, salientou, é "tecnologia ainda cara", mas há já capacetes a partir dos dois mil euros.



2011-05-19

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49117&op=all

Coffee Consumption and Prostate Cancer Risk and Progression in the Health Professionals Follow-up Study

Background Coffee contains many biologically active compounds, including caffeine and phenolic acids, that have potent antioxidant activity and can affect glucose metabolism and sex hormone levels. Because of these biological activities, coffee may be associated with a reduced risk of prostate cancer. 

Methods We conducted a prospective analysis of 47 911 men in the Health Professionals Follow-up Study who reported intake of regular and decaffeinated coffee in 1986 and every 4 years thereafter. From 1986 to 2006, 5035 patients with prostate cancer were identified, including 642 patients with lethal prostate cancers, defined as fatal or metastatic. We used Cox proportional hazards models to assess the association between coffee and prostate cancer, adjusting for potential confounding by smoking, obesity, and other variables. All P values were from two-sided tests.

Results The average intake of coffee in 1986 was 1.9 cups per day. Men who consumed six or more cups per day had a lower adjusted relative risk for overall prostate cancer compared with nondrinkers (RR = 0.82, 95% confidence interval [CI] = 0.68 to 0.98, Ptrend = .10). The association was stronger for lethal prostate cancer (consumers of more than six cups of coffee per day: RR = 0.40, 95% CI = 0.22 to 0.75, Ptrend = .03). Coffee consumption was not associated with the risk of nonadvanced or low-grade cancers and was only weakly inversely associated with high-grade cancer. The inverse association with lethal cancer was similar for regular and decaffeinated coffee (each one cup per day increment: RR = 0.94, 95% CI = 0.88 to 1.01, P = .08 for regular coffee and RR = 0.91, 95% CI = 0.83 to 1.00, P = .05 for decaffeinated coffee). The age-adjusted incidence rates for men who had the highest (≥6 cups per day) and lowest (no coffee) coffee consumption were 425 and 519 total prostate cancers, respectively, per 100 000 person-years and 34 and 79 lethal prostate cancers, respectively, per 100 000 person-years.

Conclusions We observed a strong inverse association between coffee consumption and risk of lethal prostate cancer. The association appears to be related to non-caffeine components of coffee.


Kathryn M. Wilson, Julie L. Kasperzyk, Jennifer R. Rider, Stacey Kenfield, Rob M. van Dam, Meir J. Stampfer, Edward Giovannucci and Lorelei A. Mucci

Full article: http://jnci.oxfordjournals.org/content/early/2011/05/17/jnci.djr151.abstract?sid=f6e58830-bb8c-4a84-9bfa-cc4b19fe91f1

Three-gene predictor of clinical outcome for gastric cancer patients treated with chemotherapy


Although the emerging area of targeted anticancer agents holds great promise, cytotoxic chemotherapy remains the primary treatment option for many cancer patients. Identifying patients who likely will or will not benefit from cytotoxic chemotherapy through the use of biomarkers could greatly improve clinical management by better defining appropriate treatment options for patients. None of the molecules experimentally identified to cause chemotherapy resistance in vitro was sufficiently validated in primary tumors and thus clinically applicable,1 underscoring the importance of well-designed, clinical study to identify clinically relevant mechanisms for chemotherapy resistance. In fact, however, such predictors derived to date from high-throughput transcriptional profiling of primary tumors, especially gastrointestinal tract cancers, have not shown satisfactory performance.2, 3, 4, 5 It may be primarily owing to the high rate of false-positive discovery in high-throughput data, in addition to the high degree of genetic variation of individual tumor compared with limited number of samples available for the study.

To provide insight into clinically relevant mechanisms for chemotherapy resistance in gastric cancer, we prospectively collected and analyzed 123 endoscopic biopsy samples before cisplatin and fluorouracil (CF) chemotherapy from patients with extended follow-up, using high-throughput transcriptional profiling and comparative genomic hybridization (CGH) analyses. We could identify functional categories enriched in genes correlated with patient outcome, and develop a genomic predictor that was validated in two independent data sets.
Genes correlated with poor survival after CF therapy

As primary gastric cancer lesions cannot be reliably measured by diagnostic imaging, patient survival, not radiographic response, was used as the primary clinical covariate to which gene expression was correlated to identify a predictor of response to CF therapy. To define a gene expression signature that correlates with overall survival, we used expression array data of 96 pretreatment biopsy samples as the training set to develop a predictor (Supplementary Table 1). Ninety-five out of 96 patients (99%) in the training set cohort died with follow-up for one survivor at 39.4 months. None of the clinicopathological or treatment factors listed in Table 1, including second-line chemotherapy, were significantly correlated with survival time of the patients in the training set.

To identify a transcriptional profile related to clinical benefit from CF therapy, the survival times of patients in the array training set were correlated with the mRNA expression levels measured by microarray. One thousand five hundred and sixty-five genes were significantly correlated with the overall survival of the 96 patients (P-value <0.05). Among them, 917 genes had an HR higher than 1 (poor prognosis signature) and 648 genes had an HR lower than 1 (good prognosis signature). We performed gene ontology analyses on this ‘poor prognosis signature’ using Ingenuity Pathway Analysis (www.ingenuity.com). The role of BRCA1 in DNA damage response (BRCA2, E2F5, FANCE, MSH2, NBN, PLK1, RFC, SMARCA4, SLC19A1), nucleotide excision repair (ERCC2, POLR2C, POLOR2J, RAD23A, RAD23B) and estrogen receptor signaling were highly represented canonical pathways. Many of these poor prognosis signature genes belonging to these three pathways are previously linked to in vitro cisplatin resistance.13, 14, 15 Overexpression of ERCC2 (P=0.007 in our data) is associated with cisplatin resistance in lung cancer cell lines.13 Silencing of hHR23A (P=0.022 in our data) decreases the nuclear DRP1 level and cisplatin resistance in lung adenocarcinoma cells.14 Disruption of the Fanconi anemia–BRCA pathway is reported in cisplatin-sensitive ovarian tumors.15 Thus, this gene ontology analysis supports the clinical relevance of these DNA repair canonical pathways, which were shown to be associated with in vitro cisplatin resistance.

Ingenuity Pathway Analysis functional categories enriched in poor prognosis signature were: protein synthesis, DNA replication/recombination/repair and cancer (Supplementary Table 2). The protein synthesis category includes ribosomal subunit mRNAs (RPL13, RPL18, RPL24, RPL30, RPL38, RPL5, RPL7, RPL7A, RPL8, RPS2, RPS5) and eukaryotic translation initiation factors (EIF1, EIF2B2, EIF2B4, EIF2S1, EIF3B, EIF3C, EIF3D, EIF3E, EIF3F, EIF3H, EIF3I, EIF4A1, EIF4A3, EIF4B, EIF4EBP1, EIF5, EIF5B). This result suggests that the most prominent feature of poor prognosis signature is increased protein synthesis, presumably resulting from activation of oncogenes, such as EGFR, FGFR2 and MYC (Supplementary Table 2). MYC-induced transcriptional activation of protein synthesis-related genes is previously shown by a microarray report that the majority of genes responsive to MYC overexpression are involved in macromolecular synthesis, protein turnover and metabolism, including 30 ribosomal protein genes.16
Infinitesimal perturbation analysis canonical pathways enriched in 648 genes in good prognosis signature were antigen presentation pathway, B-cell development and interleukin-15 production. Enriched functional categories were gastrointestinal disease, inflammatory disease and genetic disorder.

Full article: http://www.nature.com/tpj/journal/vaop/ncurrent/full/tpj201087a.html 

Perna robótica interpreta sinais do cérebro

Empresa japonesa vai aplicar o mesmo processo tecnológico para fabricar braços artificiais

Uma empresa japonesa criou uma perna artificial capaz de interpretar os sinais do cérebro e mover-se em funções das suas ordens, o que permite ao utilizador caminhar de forma fluida, segundo informaram fontes da empresa. HAL, o robô inventado pela mesma empresa japonesa.
O objecto, desenvolvimento pela Cyberdyne, segue a mesma linha tecnológica utilizada em 2008 no revolucionário robô baptizado de HAL, uma espécie de armadura cibernética que permite facilitar os movimentos de pessoas idosas e deficientes motores.
O princípio robótico é o mesmo, O sistema da perna tem sensores que podem ler os sinais enviados pelo cérebro”, explicou um dos porta-vozes da empresa, Mitsuhiro Sakamoto.
Quando os sensores detectam que o cérebro envia a ordem de movimento à perna, os pequenos motores instalados na extremidade artificial movem de forma automática os mecanismos do joelho e tornozelo.

Segundo a mesma empresa, esta perna ortopédica permite aos pacientes caminhar de forma natural sem a ajuda de muletas.
Espera-se que o aparelho passe à fase de comercialização dentro de quatro anos.
Além disto, a empresa tem previsto aplicar os mesmos princípios robóticos no fabrico de braços e pernas artificiais com fins ortopédicos.

2010-03-11 

Beyond Mammograms: Research Aims to Improve Breast Cancer Screening

Conventional breast cancer screening tests are far from perfect. The next scans could focus on sound, light, breath and elasticity 
Find a breast cancer tumor when it is tiny, and a woman will probably beat the disease. Find that same malignancy when it is larger or has spread to other organs, and she is far more likely to die, even after surgery, radiation and chemotherapy. Finding breast tumors before they turn deadly is a challenge and one that medical technology has so far failed to master.

“We desperately need better breast cancer screening tools,” says Otis Webb Brawley, chief medical officer at the American Cancer Society. His organization promotes mammography in an effort to reduce the 40,000 deaths from breast cancer every year in the U.S. But that emphasis, Brawley fears, leads engineers and medical device manufacturers to presume that the problem of breast cancer detection is not worth their attention, because it has been solved. It has not. Mammograms miss up to 20 percent of tumors, and an average of one out of 10 readings mistakenly identifies healthy breast tissue as possibly malignant. Those false positives mean that women who try to do the right thing by going in for routine cancer screening face a substantial risk of needless biopsies (which can themselves be disfiguring and interfere with treatment later on) and expense, as well as the misplaced fear that they have cancer when they really do not.
Mammography’s shortcomings have spawned controversy and confusion. In 2009 the U.S. Preventive Services Task Force (USPSTF) determined that routine mammograms would save too few lives of women ages 40 to 49 to justify the number of false positives and unnecessary biopsies that would result in that age group. Medical societies and patient advocacy groups attacked the recommendation; the American Cancer Society still advises women in their 40s to undergo mammography every year. Some health experts fret, though, that the USPSTF finding has discouraged more than a few women, not just those in their 40s, from getting tested. “It’s made women more skeptical about the test,” says Sheryl Gabram-Mendola, a surgical oncologist at Emory University’s Winship Cancer Institute. “Women say, ‘I’m just not going to do it, I’m too busy.’”

Nancy Shute 

Proof-of-principle study could point the way to averting the need for liver transplants

Cells taken from the tips of mouse tails and genetically reprogrammed to mimic mature liver cells can repair damaged livers. 
The ultimate goal of such studies is to use the same technique to reprogram human cells, reducing the need for liver transplants in patients with end-stage liver disease. Although the study in mice, published online today in Nature, is still far removed from the clinic, it does provide an important proof of concept: it is thought to be the first time that cells reprogrammed using a process called transdifferentiation – produced without passing through a stem-cell stage – have been shown to fix a damaged organ. 

"It's really exciting," says Paul Gadue, a stem-cell biologist at the Children's Hospital of Philadelphia in Pennsylvania who was not involved in the study. "If this work could be translated to humans, it could be very powerful."
 
New identity

Transdifferentiation has been used to generate blood cells, cardiac muscle cells and neurons from adult cells called fibroblasts. But liver cells pose a particular challenge to cellular reprogrammers, says Ira Fox, a paediatric transplant surgeon and stem-cell researcher at the University of Pittsburgh in Pennsylvania, who was also not involved in the work.

Mature liver cells have many functions, from breaking down toxins to producing many of the body's proteins. "There's no such thing as an artificial liver," says Fox. "It's an incredibly complex organ and it's basically impossible to replace."
Cell biologist Lijian Hui of the Shanghai Institute for Biological Sciences in China and his team tackled this problem by sifting through 14 proteins known to be important for activating genes in liver cells. The expression of three such proteins and the suppression of another called p19 was all that it took to persuade fibroblasts isolated from mouse tails to behave like liver cells.
The researchers then took these cells and transplanted them into mice lacking a gene needed to detoxify certain metabolic intermediates. Control animals that did not receive the transplants died within weeks, but 5 of the 12 animals that received the engineered cells survived.

The cells created by Hui's team were not exact replicas of mature liver cells. The expression of several genes, including at least one involved in breaking down toxins, differed between normal liver cells and Hui's reprogrammed cells. Hui believes that the transplants saved only some of the mice because the cells did not fully mimic mature liver cells.

"The cells aren't perfect," concedes Gadue, but he notes that researchers have struggled with liver cells derived from other methods as well.
Those alternative methods include generating liver cells from adult skin cells by first converting them into a type of stem cell called an induced pluripotent stem cell, and then coaxing those stem cells into behaving like liver cells. A paper published today in Science Translational Medicine2 reports that human cells derived in this way repaired damaged mouse livers just as well as normal human liver cells.
Researchers have long struggled to get such cells to function like fully fledged liver cells, says Gadue. Although liver cells are well known for their ability to proliferate in the body — slice out two-thirds of a liver and the remaining third will quickly regenerate a normal organ – the cells do not fare well in laboratory cultures. "It is possible that since we're culturing them in an inappropriate environment, they may be losing their function," says Gadue.
Liver cells derived directly from stem cells may also behave more like fetal liver cells than adult liver cells, he notes. Transdifferentiation could, in theory, produce more mature cells.

Hui says that the next step for his team will be to translate the work to human cells. To do this, the researchers may have to find a way around the need to suppress the p19 protein. Although Hui saw no signs of tumours in his mice, p19 suppresses tumours, and eliminating it could promote cancer.
"This current method is not the ultimate solution for the clinic," says Fox. "But it's an important proof of principle."

Heidi Ledford

Bactérias e antibióticos - problemas de resistência bacteriana (Crónica)

Até aos meados do século XX milhões de pessoas faleciam devido às infecções bacteriológicas. Nas guerras e na vida quotidiana a ausência quase total de higiene e de cuidados médicos promoviam o desenvolvimento de bactérias patogénicas que podiam matar o Homem. O grande progresso da medicina e a melhoria de condições de vida devem-se não só ao aumento de cuidados de higiene, mas sobretudo ao aparecimento de novos fármacos com propriedades anti-bacterianas – os antibióticos.
A descoberta do primeiro antibiótico deve-se ao mero acaso. Alexander Fleming, bacteriologista inglês descobriu a penicilina quando estudava o desenvolvimento de estafilococos, bactérias mais perigosas para o ser humano. Por coincidência, em algumas preparações com culturas microbianas expostas ao ar durante três semanas começou a desenvolver-se um bolor branco que impedia o crescimento de bactérias. Este fundo produzia uma substância anti-bacteriana – penicilina (provem do nome científico do fungo Penicillium chrysogenum). Este bolor tem uma relação de amensalismo ou antibiose com as bactérias, como já foi dito, impedem o desenvolvimento das bactérias através de produção de antibióticos que destroem as paredes celulares de peptidoglicanos da bactéria.
Uma vez apurados e sintetizados in vitro, esta substância pode ser usada para curar muitas doenças, desde pneumonias até infecções de sangue. É um dos medicamentos mais importantes para o sistema de saúde de actualidade.
Não querendo desvalorizar a importância dos antibióticos e a sua enorme contribuição para a manutenção da Saúde Publica, temos de dizer que o uso descontrolado de antibióticos pode provocar o aparecimento de bactérias resistentes a estes. A resistência bacteriana é um problema da actualidade, no dia Mundial da Saúde de 2011 este foi o tema principal. A Organização Mundial da Saúde alerta para proliferação de bactérias e outros microrganismos resistentes a medicamentos (http://hipernews.net/2011/04/07/dia-mundial-da-saude-combate-a-resistencia-microbiana-e-o-tema-de-2011/ ). Um dos exemplos mais demonstrativos são as bactérias da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) que tornaram-se resistentes aos antibióticos. Estas circulam, principalmente, dentro dos hospitais.
“Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o avanço desses microrganismos ameaça a eficácia de vários tratamentos e cirurgias, como no caso de cancro e o transplante de órgãos. Além disso, a resistência microbiana prolonga a doença das pessoas, eleva o risco de morte e torna os tratamentos mais caros. No ano passado, foram registados, pelo menos, 440 mil casos de tuberculose multirresistente e 150 mil mortes em mais de 60 países.”
As bactérias são seres procariontes, sem o núcleo, com o DNA circular não associado às histonas. Estes microrganismos reproduzem-se por divisão binária e durante a replicação do DNA são frequentes os erros, alterações de sequência de nucleótidos – as mutações. Algumas destas mutações são perigosas e outras são benéficas, conferindo-as resistência a algumas substâncias. Uma única bactéria mutante resistente a antibióticos vai originar duas bactérias-filhas dentro de 20 minutos, dentro de um dia a cultura bactéria na irá ter milhões de bactérias. Em poucos dias estas bactérias podem contagiar centenas de pessoas e sendo resistentes a antibióticos irão proliferar sem reagir aos fármacos. As bactérias resistentes podem passar o gene que lhes confere protecção contra os antibióticos às bactérias vizinhas se o gene estiver num plasmídeo bacteriano. As bactérias podem transferir plasmídeos pelos pili (tubulos especiais) e adquiri-los do meio envolvente. As bactérias, com os mecanismos de mutações genicas, criam mecanismos de defesa contra as substâncias dos bolores. Um destes genes que tornam a bactéria imune aos antibióticos é NDM-1.
O gene NDM-1, encontrado nas bactérias resistentes à maioria dos antibióticos, foi detectado em amostras de água supostamente potável de Nova Deli, na Índia, revela um artigo publicada na última edição da revista "The Lancet", num suplemento sobre infecções que alude à "necessidade urgente" de uma acção global contra a proliferação mundial deste gene.
O uso descontrolado e incorrecto de antibióticos é a possível principal causa para a proliferação de “superbactérias”. Como tal, a comunidade científica encontra-se preocupada com a possibilidade de difusão de bactérias resistentes, imunes a antibióticos.
Hoje em dia chegou-se à conclusão que na tuberculose não há imunidade humoral com a produção de células-memória, sendo a vacina ineficaz contra a tuberculose pulmonar. Porém, a vacinação contra a tuberculose é extremamente eficaz para prevenir formas graves da tuberculose nas crianças, como a meningite tuberculosa.
Deste modo, em alternativa aos antibióticos como um método de tratamento de doenças devem se desenvolvidos outros métodos, sobretudo de prevenção. Entre as formas de prevenção devem ser destacadas as medidas de higiene individual e a vacinação. Os seres vivos competem entre si desenvolvendo mecanismos de defesa contra as substâncias e organismos perigosos. A evolução é o resultado de interacção de organismos e meio ambiente e a adaptação. Deste modo, os antibióticos não são a cura contra todas as doenças e em breve iremos enfrentar novas ameaças, possivelmente mais perigosas do que as do século passado.

Belerofonte (pseudónimo) 

Cell-free nucleic acids as biomarkers in cancer patients

DNA, mRNA and microRNA are released and circulate in the blood of cancer patients. Changes in the levels of circulating nucleic acids have been associated with tumour burden and malignant progression. In the past decade a wealth of information indicating the potential use of circulating nucleic acids for cancer screening, prognosis and monitoring of the efficacy of anticancer therapies has emerged. In this Review, we discuss these findings with a specific focus on the clinical utility of cell-free nucleic acids as blood biomarkers. 
In 1948, Mandel and Métais1 described the presence of cell-free nucleic acid (cfNA) in human blood for the first time. This attracted little attention in the scientific community and it was not until 1994 that the importance of cfNA was recognized as a result of the detection of mutated RAS gene fragments in the blood of cancer patients2, 3 (Timeline). In 1996, microsatellite alterations on cell-free DNA (cfDNA) were shown in cancer patients4, and during the past decade increasing attention has been paid to cfNAs (such as DNA, mRNA and microRNAs (miRNAs)) that are present at high concentrations in the blood of cancer patients (Fig. 1). Indeed, their potential value as blood biomarkers was highlighted in a recent editorial in the journal Science5.
Figure 1 | Cell-free nucleic acids in the blood.
Mutations, methylation, DNA integrity, microsatellite alterations and viral DNA can be detected in cell-free DNA (cfDNA) in blood. Tumour-related cfDNA, which circulates in the blood of cancer patients, is released by tumour cells in different forms and at different levels. DNA can be shed as both single-stranded and double-stranded DNA. The release of DNA from tumour cells can be through various cell physiological events such as apoptosis, necrosis and secretion. The physiology and rate of release is still not well understood; tumour burden and tumour cell proliferation rate may have a substantial role in these events.  

Individual tumour types can release more than one form of cfDNA. 

Detecting cfNA in plasma or serum could serve as a 'liquid biopsy', which would be useful for numerous diagnostic applications and would avoid the need for tumour tissue biopsies. Use of such a liquid biopsy delivers the possibility of taking repeated blood samples, consequently allowing the changes in cfNA to be traced during the natural course of the disease or during cancer treatment. However, the levels of cfNA might also reflect physiological and pathological processes that are not tumour-specific6. cfNA yields are higher in patients with malignant lesions than in patients without tumours, but increased levels have also been quantified in patients with benign lesions, inflammatory diseases and tissue trauma7. The physiological events that lead to the increase of cfNA during cancer development and progression are still not well understood. However, analyses of circulating DNA allow the detection of tumour-related genetic and epigenetic alterations that are relevant to cancer development and progression. In addition, circulating miRNAs have recently been shown to be potential cancerbiomarkers in blood.

This Review focuses on the clinical utility of cfNA, including genetic and epigenetic alterations that can be detected in cfDNA, as well as the quantification of nucleosomes and miRNAs, and discusses the relationshipbetween cfNA and micrometastatic cells.

Problemas na tireóide podem afectar visão das cores

Hormonas da tireóide influenciam visão das cores ao longo de toda a vida
Um défice das hormonas da tireóide pode afectar a visão das cores em adultos, demonstrou um estudo realizado em ratos por cientistas do Instituto Max Planck para a Investigação do Cérebro, da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, e da Universidade de Medicina Veterinária Viena, na Áustria.

Vários estudos já demonstraram que a hormona tireoideia, que tem um papel fundamental no desenvolvimento do organismo, sobretudo no sistema nervoso, desempenha um papel de relevância no desenvolvimento do olho, nomeadamente, nas células do cone visual, responsáveis pela visão das cores, mas pensava-se que tal só acontecia numa fase de desenvolvimento.
Grande parte dos mamíferos apresenta dois tipos de cones com diferentes sensibilidades espectrais, que contêm um de dois pigmentos visuais (opsinas): opsinas sensíveis à luz de onda curta (luz azul) ou opsinas de luz de onda média ou larga (luz verde).
Até à realização deste estudo, os cientistas pensavam que o controlo da produção de opsinas pela hormona tireoideia era um fenómeno de desenvolvimento, pelo que assumiam que nos cones maduros, o programa de produção de opsinas era fixo e não precisava ser regulado.

Contudo, o grupo de investigadores liderado por Martin Glösmann e Anika Glaschke questionou este processo e demonstrou, em experiências com roedores, que a produção de opsinas em cones maduros continua a depender da hormona da tireóide, tal como deverá acontecer em todos os mamíferos, incluindo os humanos, acreditam os cientistas.
Até chegar a estes resultados, a equipa analisou cones em ratos adultos com hipotireoidismo ao longo de várias semanas. Nesta situação, todos os cones produziram opsinas azuis, tendo havido uma redução nas verdes.
Depois de um tratamento em que os níveis hormonais se equilibraram, os cones reverteram a sua produção para o tipo de opsinas “normal”: um tipo de cone produzia opsina verde e o outro azul. Assim, os investigadores concluíram que os cones, cujo tipo é definido pela classe de opsina que produzem, são controlados de uma forma dinâmica e reversível pela hormona tireoideia durante toda a vida.
Ao verificar estes resultados, Glösmann afirmou que, “se este mecanismo também funcionar nos cones humanos, o aparecimento de uma deficiência da hormona tireoideia em adultos - por exemplo, como resultado de uma deficiência de iodo na dieta ou pela remoção da tiróide - pode afectar as opsinas dos cones e visão a cores. "

2011-05-10

Nanodiamantes podem melhorar tratamento do cancro

Um artigo científico hoje divulgado defende que a junção de diamantes de tamanho muito reduzido à quimioterapia pode melhorar o tratamento do cancro. Dean Ho, professor de engenharia bioquímica e mecânica na Universidade norte-americana de Northwestern, sustenta que o nanodiamante pode ser uma alternativa eficaz para aplicar medicamentos em cancros de tratamento difícil.

São materiais com base de carbono de dois a oito nanómetros de diâmetro (um nanómetro é um milionésimo de milímetro) que os cientistas dizem agora que poderia ajudar a inverter a resistência do cancro à quimioterapia, que contribui para 90 por cento das metástases.
A superfície de cada nanodiamante tem grupos funcionais que permitem que se liguem a uma gama de compostos, incluindo os agentes da quimioterapia. Os investigadores ligaram a este material o composto doxorubicin, que se usa na quimioterapia, usando um processo que permite libertar o fármaco de forma gradual, aumentando a sua retenção e a sua eficácia sobre o tumor.

Nos seus estudos de cancro de fígado e de mama, Dean Ho e a sua equipa verificaram que quantidades normalmente fatais de compostos de quimioterapia, quando associadas aos nanodiamantes, permitiram diminuir o tamanho de tumores em ratos e também melhorar as taxas de sobrevivência, sem efeitos secundários nos tecidos ou nos órgãos.
Segundo o artigo publicado na «Science Translational Medicine», este é o primeiro trabalho que demonstrou o potencial dos nanodiamantes no tratamento de cancros que se tornaram resistentes à quimioterapia. “Este método poderia melhorar significativamente a eficácia do tratamento do cancro resistente aos medicamentos e poderia melhorar ao mesmo tempo a segurança no tratamento”, indica Dean Ho.

2011-03-10
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=47812&op=all

Positive results for targeted therapy treatment for T–cell leukemia and lymphoma

A medical team at the American University in Beirut (AUB) in Lebanon has developed a new treatment that yields positive preliminary results for adult T–cell leukemia and lymphoma (ATL).
ATL is a rare type of cancer that affects the immune system's T-cells. The disease is unresponsive to chemotherapy and average survival of patients ranges from 6 to 12 months. Currently, the best case scenario for patients is to continue on a two-drug combination of azidothymidine (AZT) and interferon–α medication for the remainder of their lives.
Ali Bazarbachi, an oncologist at AUB, is leading an investigation into a new three-drug therapy which consists of AZT, interferon–α and arsenic trioxide, which can target cancerous cells in ATL patients.
The triple regimen works against the two known causes of ATL: the Human T-cell Lymphotropic Virus 1 (HTLV-1) and the ongoproteint Tax, which is unique to malignant cells and makes them resisistant to chemotherapy. The team's strategy is that by stopping HTLV-1 replication and destroying the Tax protein, ATL can be controlled.

HTLV1 currently infects around 15 to 20 million people worldwide.

The researchers tested the three-drug combination on 10 patients with symptomatic chronic ATL for 30 days. After the treatment ceased, the tumors were found to have recessed in all 10 patients and none of them relapsed or progressed after several months of follow-up.

Ahmed Seleem, an oncologist at Qasr Al-Ainy Hospital, Egypt, who is not involved in the research, said the results are promising but the small sample is far from conclusive. "A larger sample will help evaluate other factors, such as the side effects and the percentage of cancer cells affected by the drugs."
He adds that the regimen needs to be tested at several research centres across the world to reduce misleading results

"We still need longer follow-up, and much more patients before the three-drug treatment is adopted worldwide," stresses Bazarbachi.
In 1995, Bazarbachi helped develop a two-drug regimen for ATL using AZT and interferon–α. "It took 15 years for this treatment to become the standard of care worldwide," he explains.
He contends that the currently used double regimen increased rates of patient survival from 10% to 50%. However, this only offers disease control. Bzerbachi hopes the new regimen they are testing would offer a cure for ATL.
"We have to appreciate any new trials that may lead to a cure for such rare cases," said Seleem. "Even if it is proved to be wrong along the way, then we at least canceled one more invalid trial."

Nova tecnologia facilita diagnóstico de duas síndromes raras



As ciliopatias são um grupo de doenças em que o defeito molecular resulta de problemas estururais ou funcionais de uns elementos das células denominados cílios, que estão envolvidos em muitas funções do organismo. Dentro deste grupo restrito, encontram-se a síndrome de Bardet-Biedl e a síndrome de Alström, duas doenças genéticas raras cujo diagnóstico ainda é muito difícil, visto que apresentam características clínicas que se sobrepõem e podem ser confundidas com outras patologias.
Contudo, investigadores do Departamento de Bioquímica, Genética e Imunologia da Universidade de Vigo conseguiram, através de uma nova tecnologia, obter avanços neste sentido, facilitando o diagnóstico e abrindo portas ao tratamento e até mesmo à cura de ambas as síndromes.
Ciliopatias resultam de problemas estururais ou funcionais dos cílios das células
Diana Valverde, uma das investigadoras espanholas envolvidas no estudo publicado na "European Journal of Human Genetics", avançou ao "Ciência Hoje" que a tecnologia "de alto rendimento" proposta neste trabalho permite realizar um estudo molecular directo e rápido para diagnosticar pessoas com estas doenças.
"Fizemos uma triagem das mutações já conhecidas e detectámos, entre 312 descritas em genes, as que estão implicadas nestas duas síndromes", explicou a investigadora.
Esta investigação começou depois de o grupo espanhol, pioneiro na identificação de mutações genéticas envolvidas na retinose pigmentar, um tipo de cegueira hereditária, ter verificado que esta doença visual "estava acompanhada de mais características clínicas".
"Debruçamo-nos sobre a investigação destas duas síndromes e desenhámos um algorítmo para o estudo molecular, o que nos permitiu chegar ao diagnóstico genético e avaliar qual o mecanismo de actuação do gene em questão", acrescentou.
A investigadora acredita que, à medida que se aumenta o conhecimento e se aprofunda a correlacção entre as características clínicas e as mutações genéticas, pode-se entender o mecanismo mediante o qual estas mutações afectam os cílios e como estes provocam as características clínicas que se manifestam nos doentes. "Este conhecimento vai servir para desenharmos novas estratégias, tanto para o tratamento dos pacientes como para a sua cura", explicou ainda.

Síndromes de Bardet-Biedl e Alström

As pessoas com Síndrome de Bardet-Biedl (BBS) têm como sintomas principais obesidade, atraso mental e problemas renais, entre outros. Mas há alguns secundários: diabetes, fibrose hepática e anomalias nos dentes, cardíacas e congénitas.
De acordo com Diana Valverde, esta síndrome apresenta "uma extraordinária heterogeneidade genética. Até hoje descreveram-se mutações de 14 genes em pacientes com BBS e existem evidências de que ainda há outras mutações genéticas envolvidas por descobrir".
Já a Síndrome de Alström é causada por mutações no gene ALMS1, que codifica uma nova proteína localizada nos centrossomas da célula e nos corpos basais dos cílios primários. É uma doença multiorgânica caracterizada por distrofia da retina, obesidade, surdez neuro-sensorial progressiva e bilateral, resistência à insulina e diabetes do tipo dois. Outras características são as disfunções pulmonares, hepáticas, renais e urológicas. Alguns pacientes apresentam ainda hipotiroidismo, atraso mental moderado e raquitismo.

2011-03-23
Por Carla Sofia Flores

Nervo artificial para recuperar movimento das mãos (Invenção brasileira e francesa apresentou bons resultados em testes animais)

Vão participar 400 voluntários nos testes clínicos
Um trabalho conjunto de investigadores franceses e brasileiros, apresentado num congresso europeu sobre cirurgia da mão, pode revolucionar o tratamento de pessoas que perderam a capacidade de movimentar este membro.
Trata-se de um protótipo de um nervo artificial que consiste num material absorvível pelo organismo capaz de regenerar algum nervo que tenha sido rompido.
Embora a eficácia desta solução ainda não tenha sido testada em pessoas, experiências com ratos mostraram que a recuperação é funcional do ponto de vista motor e sensitivo, pois o nervo artificial recuperou mais de 90 por cento dos movimentos dos animais testados.
Os cientistas da Universidade Católica do Rio Grande do Sul, no Brasil, e da Universidade Montpellier, na França, inspiraram-se no nervo humano para construir este artificial. Desta forma, visto que o seu crescimento depende de vários nutrientes, a maior dificuldade deste trabalho foi provocar a libertação gradual das substâncias, consoante cada etapa de recuperação.
Contudo, conseguiram atingir um equilíbrio e, em princípio, o nervo artificial vai receber 18 factores de crescimento - substancias sintetizadas a partir daquelas que são produzidas pelo organismo, que proporcionam o desenvolvimento de tecidos (osso, pele ou nervo) e estimulam a sua reparação.
A nanotecnologia vai ter um papel primordial nesta invenção. O nervo artificial, que apresenta sensivelmente o tamanho de um fósforo, vai conter esferas à nano-escala que absorvem as substâncias necessárias à reparação do nervo humano.

Testes do nervo artificial

Os testes clínicos com o nervo artificial vão decorrer a partir de Setembro e envolver 20 centros de investigação do Brasil , França, Suíça e Estados Unidos, sendo que cada instituição vai seleccionar 20 voluntários. No total, haverá 400 participantes que indicarão se esta invenção é viável para ser usada em larga escala.
Os investigadores acreditam ainda que esta aplicação biomédica pode, no futuro, ser eficaz na regeneração da pele, de ossos ou de cartilagens.

2011-04-07

Arte e paixão despertam as mesmas áreas cerebrais (Outros estudos preliminares também já demonstraram que as obras de arte podem reduzir o sofrimento de doentes internados)

"O Nascimento de Vénus", de Botticelli, foi uma das obras utilizadas no estudo


Resultados preliminares de um estudo realizado no Reino Unido indicam que contemplar obras de arte como "O Nascimento de Vénus", do pintor Botticelli (1445-1510) e estar apaixonado estimulam as mesmas zonas do cérebro.

Este estudo, que tem como autor principal Semir Zeki, neurobiólogo da University College de Londres, envolveu vários voluntários que tiveram a oportunidade de admirar 28 quadros de pintores de renome.

Com um scanner cerebral, Zeki conseguiu identificar um aumento de sangue nas áreas de produção do neurotransmissor dopamina e na região do córtex orbitofrontal, que estão associados à sensação de prazer e de afecto. Este é o mesmo processo que decorre quando se está apaixonado.
Outros estudos preliminares também já demonstraram que as obras de arte podem reduzir o sofrimento de doentes internados e ajudar na recuperação de algumas doenças.

Este trabalho de Semir Zeki ainda está a ser revisto, mas o autor prevê que seja divulgado numa publicação especializada ainda este ano.

2011-05-12

Fonte:  http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49019&op=all

DNA integral de futuro bebé é detectável no sangue da mãe (Genoma completo pode ser sequenciado a partir de células fetais)

O DNA completo de um futuro bebé circula no sangue da mãe e pode ser sequenciado, segundo dizem os investigadores da Universidade de Hong Kong (China). Contudo, o genoma integral da criança em gestação não é facilmente acedido, mas pode ser reconstituído a partir de células fetais. O estudo vem publicado na «Science Translational Medicine».

Segundo a investigação, liderada por Dennis Lo, para detectar anomalias cromossomáticas ou doenças hereditárias, as técnicas mais usadas são a amniocentese e a biópsia de células do trofoblasto – métodos que dão acesso à informação genética do feto –, mas são processos que aumentam os riscos de falso parto. A equipa de Dennis Lo decidiu desenvolver outras técnicas para evitar este tipo de exame médico.
Já, em 1997, se tinha mostrado que pequenos pedaços de DNA fetal circulavam no sangue da mãe, mas as quantidades eram ainda de pequena concentração (dez por cento) para fazer o seu levantamento. Entretanto, foram desenvolvidos novos testes para despiste de anomalias nos cromossomas, como a responsável pela trissomia 21, por exemplo.

Para chegar a estes 94 por cento de DNA, os cientistas estudaram casos de pais portadores de uma mutação que poderia ser transmitida através do sangue – a talassemia beta. Para além de métodos clássicos, como a biopsia e outros testes, a equipa decidiu procurar, no sangue materno, células paternais, para perceber se a mutação teria sido transmitida pelo pai.

No entanto, chegaram à conclusão que era mais difícil de determinar a mutação transportada pelo DNA da mãe do que a que teria sido transmitida ao feto. Os investigadores perceberam que a criança era portadora da doença sem sofrer dela. O estudo mostra que o genoma completo do feto pode ser encontrado no sangue da mãe, mas a técnica ainda não é completamente aplicável, para além de ser muito dispendioso.

2010-12-10

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=46415&op=all