Rui Reis, investigador da Escola de Engenharia da
Universidade do Minho, foi galardoado com a principal distinção da Europa na
área dos Biomateriais – o George Winter Award, atribuído pela European Society
for Biomaterials (ESB) e que se destina a reconhecer, encorajar e estimular
contributos notáveis para a investigação na área dos biomateriais.
Insistiu em salientar
que "este prémio carreira" destaca, igualmente, "o contributo da
restante equipa de investigação na área de regeneração de tecidos", com materiais
naturais aplicados em células estaminais. Materiais naturais como amido de
milho ou soja e quitina – um polímero equivalente ao colagénio que pode ser
encontrado em derivados de camarões ou lagosta –, algas mineralizadas (verdes e
em corais) são alguns dos biomateriais mais utilizados para a criação de osso e
cartilagem, segundo explicou ao «Ciência Hoje» (CH).
Os materiais de origem marinha são combinados e utilizados
"como suporte de células estaminais para a regeneração, em cultura de
células, no domínio de defeitos ósseos ou tecidos".
No entanto, os
projectos deste cientista vão ‘de vento em popa’, já que conta já com mais de
uma dezena de patentes registadas e “a investigação está cada vez mais próxima
da aplicação clínica” – estando, entretanto, apenas a ser aplicada em pequenos
e grandes animais. O trabalho de Rui Reis já saiu do laboratório e “está numa
empresa que conta com capitais de risco e alguns investidores privados”.
Os materiais, em
termos empresariais, ainda “não são comercializados para pacientes humanos”,
por falta de regulações nacionais e europeias, mas “estarão disponíveis a
outros laboratórios que os possam usar”, avançou ainda ao CH.
Com 44 anos, Rui Reis
torna-se um dos galardoados mais jovens a receber esta distinção, já que
“costuma ser atribuída a cientistas aposentados ou em vias disso”. O prémio
será entregue, no próximo dia 7, durante a conferência anual de biomateriais da
sociedade, em Dublin, na Irlanda, com a presença de mais de mil investigadores
de todo o mundo.
2011-09-15
Por Marlene Moura (texto)