Uma equipa liderada pelo investigador João Nuno Moreira, do
Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra
(UC), desenvolveu “uma nova estratégia para o combate ao cancro da mama”.
O estudo,
recentemente publicado online na revista «Breast Cancer Research and
Treatment», desenvolve “uma nanopartícula capaz de se associar às células de
cancro da mama e às endoteliais dos vasos sanguíneos do tumor”.
Esta “nova possibilidade terapêutica” consegue “impedir que
o tumor invada outros tecidos”, explicou João Nuno Moreira, sublinhando que se
trata de um meio que “pode ter um impacto muito grande na recorrência da
doença”.
“Ao conseguir impedir-se que o tumor invada outras células,
reduz-se enormemente" essa possibilidade, segundo afirmou o especialista,
que tem “grande expectativa” em relação ao “potencial terapêutico” desta
descoberta. No entanto, o investigador sublinhou ainda que “o cancro é uma
doença com muitas causas e muito complexa” e esta é apenas uma das “várias
frente de ataque” que ela exige. Mas, os resultados agora publicados pela
equipa por si liderada “são um avanço muito significativo na terapia do cancro
da mama”, acredita João Nuno Moreira.
“Esta é uma nova geração de nanopartículas" que, para
além de “um aumento efectivo da eficiência terapêutica” - através da
"diminuição da recorrência tumoral” -, também podem actuar ao nível da
prevenção dos “efeitos secundários associados à quimioterapia”, salientou o
investigador do CNBC e da Faculdade de Farmácia de Coimbra.
Num modelo animal do
cancro da mama, “o fármaco (doxorrubicina) contido na nanopartúcula atingiu
rapidamente e em elevada dose o tumor”, disse João Nuno Moreira, referindo que
os ensaios entretanto já efetuados em tumores depois de extraídos da mama apresentaram
igualmente resultados que justificam a “grande expectativa” com que a
descoberta está a ser encarada.
Desenvolvido, “desde
2004/05, por uma equipa de nove investigadores”, ligados ao CNBC, às faculdades
de Farmácia das universidades de Coimbra e de Lisboa, ao IPO (Instituto
Português de Oncologia) de Coimbra e à Faculdade de Medicina do Porto, a nova
nanopartícula só deverá reunir as condições para iniciar testes em humanos
daqui a cerca de três anos, admitiu João Nuno Moreira. A investigação foi inteiramente
realizada pelo referido grupo de especialistas, “em laboratórios nacionais”.
2011-09-15