Olho biónico

Cientistas australianos querem manter-se na vanguarda desta área de investigação.
O Governo australiano apresentou ontem um protótipo de olho biónico, cujos responsáveis esperam que seja capaz de devolver a visão a muitos cegos.

Os cientistas afirmam que esta é o maior marco desde o desenvolvimento do Braille. O primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd garante que este “pode ser um dos avanços científicos mais importantes da nossa geração”.
Segundo os cientistas australianos, o aparelho implanta-se parcialmente no globo ocular e está desenhado para pacientes que sofrem uma perda de visão degenerativa e hereditária, causada por uma condição genética conhecida como rinite pigmentosa.

O olho biónico dispõe de uma pequena câmara, colocada sobre uma lente, que captura imagens e envia-as para um processador que pode guardar-se num bolso.

O dispositivo transmite um sinal à unidade dentro da retina que estimula os neurónios vivos dentro desta, que por sua vez envia as imagens ao cérebro.

É importante alertar que os utilizadores do olho biónico não voltarão a ter a visão perfeita, mas espera-se possam ser capazes de distinguir pontos de luz e que o cérebro poderá reconstruir imagens.

“O projecto do olho biónico permitira à Austrália manter-se na vanguarda desta linha de investigação e comercialização, devolvendo a visão a milhares de pessoas em todo o mundo”, afirmou o Rudd.

2010-03-31

HIV infection theory challenged

T cells are lost at a slow rate

A longstanding theory of how HIV slowly depletes the body's capacity to fight infection is wrong, scientists say.
HIV attacks human immune cells, called T helper cells. Loss of these cells is gradual, often taking many years.
It was thought infected cells produced more HIV particles and that this caused the body to activate more T cells which in turn were infected and killed.
Modelling by UK and US researchers suggests that, if that was true, cells would die out in months not years.
The study, led by Emory University in Atlanta and the Institute of Child Health in London, was published in the journal PLoS Medicine.
If the specific process by which HIV depletes this kind of white blood cell can be identified, it could pave the way for potential new approaches to treatment

Professor Jaroslav Stark
The researchers used a mathematical model of the processes by which T cells are produced and eliminated.
Using this they showed that the current theory of an uncontrolled cycle of T cell activation, infection, HIV production and cell destruction - dubbed the "runaway" hypothesis - was flawed.
They concluded that it could not explain the very slow pace of depletion that occurs in HIV infection.
If the theory were correct, then T helper cell numbers would fall to very low levels over a number of months, not years

Lack of certainty
Researcher Professor Jaroslav Stark, from Imperial College London, said: "Scientists have never had a full understanding of the processes by which T helper cells are depleted in HIV, and therefore they've been unable to fully explain why HIV destroys the body's supply of these cells at such a slow rate.

"Our new interdisciplinary research has thrown serious doubt on one popular theory of how HIV affects these cells, and means that further studies are required to understand the mechanism behind HIV's distinctive slow process of cellular destruction."

The researchers think one possible explanation could be that the virus slowly adapts itself over the course of the infection.
But they stress that further analysis is needed to verify this alternative theory.
Professor Stark said: "If the specific process by which HIV depletes this kind of white blood cell can be identified, it could pave the way for potential new approaches to treatment."
Roger Pebody, a treatment advisor at HIV charity Terrence Higgins Trust, said: "HIV is an incredibly complex virus and research is ongoing to try and establish exactly how it works.

"We need more studies in this area before we can draw any clear conclusions."

Novo estudo contribui para conhecer melhor esquizofrenia

A esquizofrenia distorce a percepção da realidade e é um problema que atinge pelo menos um por cento da população mundial, em todos os países e culturas, acompanha desordens cognitivas e disfunções sociais. Um novo estudo publicado na «Nature» poderá contribuir para conhecer melhor esta patologia.

Em muitos aspectos, esta doença permanece ainda misteriosa e os tratamentos são insuficientes, mesmo já tendo passado um século de investigação. Agora, uma equipa de cientistas do Instituto Salk, na Califórnia (EUA), demonstrou que os neurónios cultivados a partir de células estaminais de pacientes que sofram de esquizofrenia ligam-se muito menos, entre si, e a loxapina (droga antipsicótica) restaura a actividade neural.
Segundo o autor principal, Fred Gage, “esta é a primeira vez que uma doença mental complexa foi modelada a partir de células humanas vivas”. O modelo permite não só examinar directamente os neurónios de pacientes com a doença, como os de pessoas saudáveis, mas que sejam seguidas de perto por médicos.

A análise dos perfis de expressão genética permitiu identificar perto de 600 genes cuja actividade está desregulada, relativamente aos neurónios e 25 por cento destes genes estão implicados na esquizofrenia.

A descoberta constitui um progresso relevante para melhor compreender a doença. Graças ao modelo celular, os investigadores podem agora testar novos fármacos e perceber quais os problemas de conexões entre neurónios que possam originar os sintomas do aparecimento da esquizofrenia.

Fonte:http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature09915.html

Original:http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature09915.html

Entender e Responder

No seu novo livro, o neurologista Oliver Sacks investiga as deficiências visuais causadas por danos no cérebro para falar de uma das maiores vontades do ser humano: comunicar-se.
Entender e responder


O cérebro representado como novelo: descrição lugar-comum, mas real, de um órgão que tanto guarda mistérios quanto fascina. (foto: Flickr/ adafruit – CC BY-NC-SA 2.0)

Alguns cientistas têm a especial capacidade de explicar – com clareza – o que fazem –, por mais difícil que possa parecer o seu objeto de estudo.
Em seu mais recente livro – O olhar da mente –, o neurologista Oliver  Sacks prova, mais uma vez, que faz parte desse seleto grupo de pessoas que consegue transcender qualquer sugestão de que ciência é "algo frio".

Oliver  Sacks consegue transcender qualquer
sugestão de que ciência é “algo frio”
O cientista inglês, em sua 11º livro, investiga novamente casos médicos raros. Como já fizera no famoso O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, Sacks visita o mundo de pessoas comuns que desenvolveram características raras – todas elas, de alguma forma, têm a ver com alguma disfunção no cérebro.
Em O olhar da mente,  Sacks conta a história de pessoas acometidas por derrames, tumores e outras doenças do cérebro que afetaram consideravelmente a visão ou a capacidade de reconhecer as coisas do mundo – por mais que a estrutura ocular delas tenha continuado intacta, o modo de enxergar e reconhecer fora alterado.
São histórias únicas, quase alegóricas, como a da pianista que perde a capacidade de ler e reconhecer partituras, do escritor que não consegue mais ler e da pintora que, acometida por uma hemorragia cerebral, viu-se afásica, ou seja, perdera a capacidade não só de falar, mas também a de se expressar por meio de qualquer linguagem.
Entender e responder

Esse último caso é, talvez, a essência que liga as histórias que Sacks conta no livro. Pois, embora a mulher (o neurologista a chama de Patricia H.) enxergasse ainda perfeitamente, ela não tinha mais a capacidade plena de se comunicar com o mundo. Emitia sons, mas não falava. Não pedia, grunhia.
A sua luta para conseguir se adequar à doença é também a luta maior de todos os pacientes, inclusive daqueles que perderam totalmente a visão. O maior dos males, no livro de Sacks, não é não enxergar, e sim perder a capacidade de se comunicar com o mundo.
Daí vem o desespero do escritor que, depois de décadas escrevendo e lendo, perdera totalmente a habilidade de ler e boa parte da capacidade de escrever. E também explica a felicidade da pianista que, mesmo sem conseguir reconhecer o que estava escrito na partitura, tinha recobrado a confiança em tocar músicas de ouvido.


Sacks, o ser humano

Curiosamente, o único caso do livro em que não houve uma lesão no cérebro – e sim no olho  – aconteceu com o próprio Sacks, que descobriu em 2005 um melanoma em uma das vistas. Com medo de o câncer se espalhar, Sacks escreve em seu "diário do melanoma": "O New York Times de hoje traz fotos e histórias de várias personalidades que morreram em 2005. Estarei na lista em 2006?"

No entanto, em vez de ceder ao próprio medo, Sacks desenvolveu uma espécie de obsessão-fascinação pela doença e passou a testar a própria visão o tempo inteiro, durante alguns anos pós-cirurgia, até que tudo voltou praticamente ao normal.
Em 2009, porém, Sacks teve um derrame no olho, decorrente da radiação a que fora exposto no tratamento, e passou a enxergar embaçado. O 'embaço' tirou sua capacidade de enxergar perifericamente e, hoje, o neurologista não tem sua capacidade de ver tridimensionalmente afetada.
Sacks tem os mesmos sentimentos dos personagens de seu livro: o temor e a esperança
O "Sacks paciente" continua o médico curioso e genial que já conhecemos, mas uma outra faceta revelou-se: o de um doente medroso, quase hipocondríaco, consumidor contumaz de soníferos e remédios para dormir; enfim, um ser humano.
E mais: no fundo, Sacks guarda o mesmo medo e a mesma ambição de todos os personagens de seu livro, que são: o temor por perder a capacidade de se comunicar de forma plena com o mundo (o cientista pergunta-se o tempo inteiro: "como será não conseguir ler, escrever, como seria não reconhecer o rosto de uma pessoa?") e a esperança de que, de alguma maneira, corpo e cérebro adaptem-se a uma nova condição, de modo que a vida, caso não volte a ser como antes, seja tão instigante e interativa quanto.
Nesse sentido, o último capítulo do livro é lindo e simbólico, pois conta como alguns cegos encaram a deficiência não como chaga, mas, às vezes, como dádiva –  já que o cérebro e sua famosa plasticidade permitem que os outros sentidos fiquem mais apurados, tornando o "estar no mundo" mais verdadeiro.
Quanto da nossa visão é 'apenas' uma criação do cérebro? Essa pergunta, feita à exaustão por Sacks no livro, leva instintivamente a uma nova questão: o que é a busca do neurologista senão uma tentativa de medir a importância de "estarmos no mundo"?
O olhar da mente
Oliver Sacks
São Paulo, 2010, Companhia das Letras
232 páginas – R$ 44,00
Tel: (11) 3707-3500  



Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line


Publicado em 29/03/2011



Criação de nanopartículas para entrega específica em células-alvo

Uma equipa de investigadores do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) publicou recentemente um artigo que descreve uma técnica capaz de reduzir substancialmente o tempo necessário ao desenvolvimento de nanopartículas terapêuticas.

Segundo Ana Paula Pêgo, coordenadora do projecto, explicou ao «Ciência Hoje», o trabalho foi desenvolvido para terapia génica – procedimento médico que envolve a modificação genética de células como forma de tratar doenças –, em órgãos do sistema nervoso, “embora a técnica possa ser extrapolada para outras situações, como a entrega de drogas, em farmacologia, na medicina interna, nomeadamente no tratamento do cancro”.
“O grande objectivo da medicina actual é encontrar e utilizar tratamentos diferenciados de acordo com as doenças e os pacientes, ou seja, desenvolver substâncias capazes de atingir exclusivamente as células que se querem tratar e tentamos fazer isso mesmo – criar nanopartículas com entrega específica em células-alvo, de forma a tornar o processo de optimização mais rápido”, prosseguiu a investigadora do INEB.

O procedimento que poderia demorar mais de um ano, fica agora, com este método, reduzido a alguns meses, já que aumenta a rapidez com que novas partículas são colocadas no mercado, ao serviço dos cidadãos. A técnica permite fazer entrega de genes no sistema nervoso, de forma a chegar a células específicas – evitando efeitos secundários.

A área de investigação da equipa de Ana Paula Pêgo trata da regeneração do sistema nervoso periférico através de agentes terapêuticos e o novo método permite fazer chegar o agente directamente às células-alvo, tornando-o assim "mais eficiente e com partículas minimamente invasivas".


Nanotecnologia aplicada à medicina.
Partículas do diâmetro de um cabelo

A nanotecnologia tem a capacidade de ajudar a produzir partículas desenhadas para aplicação no tratamento e rastreio de doenças. O princípio básico é a produção de partículas, mil vezes menores que o diâmetro de um cabelo, revestidas com substâncias que lhes permitem aderir a alvos específicos. "Trata-se de preparar partículas que, depois de injectadas no corpo, irão colar-se exclusivamente às células-alvo e sinalizar onde as células 'doentes' estão”, continuou.

Para desenvolver uma nova nanopartícula que chegue a um determinado alvo são produzidas muitas variantes com pequenas diferenças na superfície e depois é necessário, de entre elas, escolher as que têm melhor actuação para o pretendido – o que pode levar mais de um ano para se chegar a alguma conclusão. Os investigadores do INEB propuseram uma abordagem distinta que recorre a testes num “microscópio de força atómica” e a alguns cálculos traçando um atalho na identificação dessas partículas. Com esta nova abordagem, “conseguimos reduzir a factura experimental, diminuindo os recursos experimentais necessários”, concluiu.


Fonte:http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=48453&op=all
2011-04-12