Biologia sintética: Tem potencial na saúde, indústria e energia (Peritos internacionais em Braga para discutir área de investigação recente)

Biologia sintética com aplicações relevantes.
Peritos internacionais reúnem-se hoje na Universidade do Minho, em Braga, para discutir biologia sintética, área de investigação com grande potencial de aplicação na saúde, indústria e energia.
“É um domínio muito recente, com cinco anos, mais ou menos, mas tem possíveis aplicações muito relevantes, principalmente na saúde, química industrial e bioenergia”, disse Manuel Mota, professor da UMinho actualmente a fazer investigação em biologia sintética no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.

Esta é uma área de investigação emergente da biologia molecular, que se dedica a desenhar e construir componentes e sistemas biológicos que não existem na natureza, assim como redesenhar os já existentes para que desempenhem novas funções.
Este novo domínio está associado à biologia de sistemas, que, recorrendo a ferramentas informáticas, analisa o provável comportamento de organismos vivos caso sejam alvo de modificações introduzidas artificialmente.
“O seu objectivo é criar formas de vida profundamente modificadas a partir de ADN artificial, utilizando massivamente todas as ferramentas provenientes da engenharia genética”, explica a Universidade do Minho (UMinho), na apresentação do ‘workshop’, organizado no âmbito do Programa MIT-Portugal.

Devido às questões éticas que a biologia sintética suscita, um dos oradores convidados é o norte-americano Kenneth Oye, “um dos mais destacados peritos mundiais na área”, salientou Manuel Mota.
Bruce Tidor, especialista na análise de sistemas biológicos complexos a nível molecular, e Vítor Santos, professor português radicado na Holanda, são outros participantes confirmados, a par de especialistas oriundos da Dinamarca, Suécia, Suíça e França.
Manuel Mota realçou que já está em “fase de quase aplicação” um novo método de produção, através de biologia sintética, de uma substância química presente no medicamento mais eficaz contra a tuberculose.

Produção com microrganismos

“É um medicamento extremamente caro”, afirmou, salientando que, com o novo método, será possível torná-lo bastante mais barato e acessível a populações de regiões pobres do Mundo. Manuel Mota sublinhou que, neste caso, “a substância química já foi testada e aprovada”, tendo mudado apenas a forma de a fazer, pelo que não é necessário repetir todas as fases de testes de um novo fármaco.
A produção de bioenergia por meio de microrganismos é outra das potencialidades da biologia sintética, pela importância que poderá ter como substituto dos combustíveis fósseis, realçou o professor da UMinho. Na química industrial, poderá vir a ser possível, por exemplo, produzir bioplásticos, solventes e tintas por meios microbiológicos, acrescentou.

2011-06-06

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49443&op=all