Ensaios clínicos podem permitir avanços na Doença de Machado (Manuela Lima, especialista em Genética Humana, falava à margem das XXXVII Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas)

Testes para atrasar a progressão dos sintomas
Os ensaios clínicos em curso a nível internacional para testar na doença de Machado-Joseph fármacos já usados noutras patologias semelhantes podem permitir minimizar ou retardar a progressão desta doença degenerativa, que afecta 90 pessoas nos Açores.

“Existe um conjunto de ensaios clínicos, devidamente registados nas bases de dados internacionais, que estão a usar fármacos que já foram testados noutras doenças para perceber se funcionam na doença de Machado-Joseph, tentando atrasar a progressão dos sintomas, nomeadamente os mais incapacitantes e que põe mais em causa o bem-estar e a qualidade de vida do doente”, afirmou hoje a investigadora Manuela Lima, da Universidade dos Açores.
Manuela Lima, especialista em Genética Humana, falava à margem das XXXVII Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas, que estão a decorrer em Ponta Delgada, onde proferiu uma conferência sobre a doença de Machado-Joseph nos Açores, uma patologia que provoca a perda de coordenação motora, não existindo actualmente um tratamento que permita bloquear a sua progressão.

 A investigadora salientou que existem no arquipélago "cerca de 90 doentes" com esta patologia, principalmente em S. Miguel e nas Flores, frisando que "a percepção é que a prevalência da doença não tem aumentado".

 Manuela Lima sublinhou ser preciso "desmistificar que se trata de uma doença com origem nos Açores", alegando que "a região tem é uma prevalência elevada", o que faz com que "seja preciso investir na gestão dos doentes, proporcionando-lhes os cuidados de saúde adequados, e investigar com base no conjunto de doentes que o arquipélago tem".

“A nossa ideia antiga de que era uma doença açoriana é uma ideia cientificamente errada, porque existem imensos casos no mundo que não têm ligação, nem com os Açores nem com o continente”, frisou.
 Para Manuela Lima, tendo em conta que a cura "não está a ser posta neste momento como uma possibilidade imediata", várias acções podem ser feitas "para melhorar a qualidade de vida dos doentes", nomeadamente o seu enquadramento numa associação como a que existe em S. Miguel.

"É uma doença que se manifesta em doentes de maneiras um pouco diferentes, daí a importância do trabalho de investigação e de intervenção médica", acrescentou, destacando a existência nos Açores da uma equipa multidisciplinar, envolvendo biólogos, neurologistas, especialistas em psicologia e geneticistas.

 Manuela Lima recordou ainda que a Universidade dos Açores colabora, numa base semanal, no programa de aconselhamento genético que existe nos Açores desde 1995 e que permite disponibilizar um teste genético aos doentes e às famílias.


2011-10-14
Por Lusa

Sangue artificial pode ser produzido nos próximos dez anos (Cientistas usam células estaminais para criar espécie de glóbulos vermelhos)

A equipa está a trabalhar para produzir sangue do tipo O Negativo
Ensaios clínicos para testar o sangue criado a partir de células estaminais adultas devem começar dentro dos próximos dois ou três anos. A notícia aumenta a expectativa de que o sangue artificial poderá, em breve, tornar-se rotineiramente utilizado quando não há glóbulos vermelhos humanos disponíveis, avança o The Telegraph.

 De acordo com o jornal britânico, os cientistas também estão a desenvolver substâncias parecidas com sangue que poderão ser injectadas no corpo como uma alternativa provisória até que uma transfusão de sangue natural seja executada.
Os cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, estão a usar células estaminais da medula óssea para fazer crescer um material que se assemelha aos glóbulos vermelhos criados naturalmente no corpo humano.

 A equipa está a trabalhar para produzir sangue do tipo O Negativo, compatível com 98 por cento da população mundial, mas produzido por apenas sete por cento. Como será desenvolvido em laboratório, o sangue artificial estará livre de qualquer vírus ou doença, como HIV e hepatite.

 Este sangue não poderá ser um substituto para o sangue natural, mas apenas actuar provisoriamente quando surgirem pacientes que necessitam urgentemente de transfusões e essas não podem ser feitas. Exemplos disto são os tratamentos nas ambulâncias, zonas de guerra, zonas de desastres naturais, etc.

 Segundo um dos cientistas, Marc Turner, “vai demorar cerca de 10 anos para os glóbulos vermelhos artificiais começarem a ser usados na prática clínica”, o que significa que não se devem acabar com as doações de sangue.

2011-11-03