Biologia sintética: Tem potencial na saúde, indústria e energia (Peritos internacionais em Braga para discutir área de investigação recente)

Biologia sintética com aplicações relevantes.
Peritos internacionais reúnem-se hoje na Universidade do Minho, em Braga, para discutir biologia sintética, área de investigação com grande potencial de aplicação na saúde, indústria e energia.
“É um domínio muito recente, com cinco anos, mais ou menos, mas tem possíveis aplicações muito relevantes, principalmente na saúde, química industrial e bioenergia”, disse Manuel Mota, professor da UMinho actualmente a fazer investigação em biologia sintética no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.

Esta é uma área de investigação emergente da biologia molecular, que se dedica a desenhar e construir componentes e sistemas biológicos que não existem na natureza, assim como redesenhar os já existentes para que desempenhem novas funções.
Este novo domínio está associado à biologia de sistemas, que, recorrendo a ferramentas informáticas, analisa o provável comportamento de organismos vivos caso sejam alvo de modificações introduzidas artificialmente.
“O seu objectivo é criar formas de vida profundamente modificadas a partir de ADN artificial, utilizando massivamente todas as ferramentas provenientes da engenharia genética”, explica a Universidade do Minho (UMinho), na apresentação do ‘workshop’, organizado no âmbito do Programa MIT-Portugal.

Devido às questões éticas que a biologia sintética suscita, um dos oradores convidados é o norte-americano Kenneth Oye, “um dos mais destacados peritos mundiais na área”, salientou Manuel Mota.
Bruce Tidor, especialista na análise de sistemas biológicos complexos a nível molecular, e Vítor Santos, professor português radicado na Holanda, são outros participantes confirmados, a par de especialistas oriundos da Dinamarca, Suécia, Suíça e França.
Manuel Mota realçou que já está em “fase de quase aplicação” um novo método de produção, através de biologia sintética, de uma substância química presente no medicamento mais eficaz contra a tuberculose.

Produção com microrganismos

“É um medicamento extremamente caro”, afirmou, salientando que, com o novo método, será possível torná-lo bastante mais barato e acessível a populações de regiões pobres do Mundo. Manuel Mota sublinhou que, neste caso, “a substância química já foi testada e aprovada”, tendo mudado apenas a forma de a fazer, pelo que não é necessário repetir todas as fases de testes de um novo fármaco.
A produção de bioenergia por meio de microrganismos é outra das potencialidades da biologia sintética, pela importância que poderá ter como substituto dos combustíveis fósseis, realçou o professor da UMinho. Na química industrial, poderá vir a ser possível, por exemplo, produzir bioplásticos, solventes e tintas por meios microbiológicos, acrescentou.

2011-06-06

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49443&op=all

Composto de cogumelo suprime cancro da próstata (Testes realizados em ratos foram cem por cento eficazes)

"Coriolus versicolor" é usado na medicina tradicional asiática
Um cogumelo usado na Ásia com fins medicinais revelou-se totalmente eficaz na supressão do desenvolvimento de tumores de próstata, em testes com ratos realizados num estudo da Queensland University of Technology, Austrália.
Apesar de a medicina tradicional já utilizar este cogumelo - Coriolus versicolor ou Yun-zhi - pelos seus efeitos terapeuticos, a investigação publicada na revista científica “PLoS One” é a primeira a mostrar a sua eficácia em células estaminais do cancro.

O Coriolus versicolor apresenta um composto denominado por polissacaropeptídeo (PSP). Os investigadores extrairam-no do caule do cogumelo e aplicaram-no em células estaminais do cancro da próstata, tendo suprimido a formação de tumores nos ratos.
"No passado, outros inibidores testados em ensaios [clínicos] tinham-se mostrado eficazes até 70 por cento, mas com este composto a eficácia contra a formação de tumores é de cem por cento", explicou Patrick Ling, líder da equipa de investigadores, acrescentando que o "mais importante é que não se verificaram efeitos secundários derivados do tratamento”.

De acordo com o cientista, as terapias convencionais só eram eficazes em atingir determinadas células cancerígenas, mas não as estaminais, que iniciam o tumor e causam a progressão da doença.
Durante os ensaios clínicos, os ratinhos, que foram manipulados para desenvolverem tumores da próstata, alimentaram-se 20 semanas com PSP. Depois deste período, não foram encontrados tumores em nenhum dos roedores alimentados com PSP, enquanto aqueles que não receberam o composto desenvolveram tumores de próstata.

“O estudo sugere que o PSP pode ser um potente agente preventivo contra o cancro da próstata, possivelmente por atingir a população de células estaminais desta doença", destacou Ling.
Apesar de estes cogumelos terem propriedades medicinais reconhecidas, o investigador sublinhou que os efeitos do PSP demonstrados neste estudo não são possíveis de alcançar com o simples facto de se comerem Coriolus versicolor.

2011-05-30

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49321&op=all

Novo tratamento com ultrassons faz regredir tumores (Terapêutica experimental é não-invasiva e já um sucesso)

Tratamento já foi aplicado em pelo menos sete mil mulheres.
Uma equipa médica da Universidade da Virgínia, nos EUA, está a aplicar um novo tratamento não invasivo para tumores benignos que recorre a ultrassons. O tumor é bombardeado directamente com ondas sonoras a uma temperatura de 80 graus, inofensivo para o corpo, mas fatal para as células anormais. É uma opção de tratamento que não envolve radiação de qualquer tipo, nem cirurgia. Os tecidos envolventes são poupados de qualquer efeito da quimioterapia.

No entanto, a técnica já tinha sido relatada no país vizinho e os médicos espanhóis do Instituto Cartuja de Técnicas Avanzadas de Sevilha relataram uma elevada taxa de sucesso. O método provoca a necrose térmica da zona afectadas sem afectar outras zonas do corpo.

Recentemente, uma paciente foi tratada com sucesso na Virgínia. Stephanie Small, de 27 anos, tinha uma fibroide no útero do tamanho de uma bola de futebol e, através da remoção cirúrgica, iria ficar impedida de ter filhos. Para evitar a histerectomia (remoção do útero), a jovem norte-americana aceitou fazer o tratamento experimental e seis meses depois, o tumor reduziu drasticamente.

Até ao momento, o tratamento com ultrassons já foi aplicado em pelo menos sete mil mulheres com fibroides. Cerca de 90 por cento apresentaram redução dos tumores logo após os primeiros ultrassons.

Os ultrassons usados neste tratamento são dirigidos especificamente aos tumores sem danificar as outras células do corpo. Os investigadores estão agora a estudar maneiras de estender esta técnica aos tumores malignos.

Os testes clínicos começam daqui por dois anos, mas o tratamento já está a ser um sucesso e revela-se como um grande avanço no mundo da medicina. Este problema afecta entre 20 a 40 por cento das mulheres portuguesas com mais de 35 anos.

2011-06-15

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49618&op=all

Herpes genital: mesmo sem lesões, pode ser transmitido (80 por cento dos americanos desconhecem ter)

Pessoas com herpes genital podem contagiar os seus parceiros mesmo que não tenham lesões, revela um estudo publicado no “Journal of American Medical Association”, que vem reforçar as suspeitas que os cientistas já tinham neste sentido.

De acordo com Christine Johnston, co-autora do estudo e investigadora da Universidade de Washington, nos EUA, investigações anteriores de grande escala, realizadas pelo governo norte-americano, já tinham demonstrado que 80 por cento dos americanos desconhecem ter herpes genital.

O estudo actual é o maior realizado até à data para examinar a questão e também a utilizar um teste sensível de ADN para detectar o vírus. Isto significa, refere a autora do estudo, “que se pode tornar muito mais clara qual a frequência com que as pessoas propagam o vírus ".
O estudo envolveu 500 pessoas que tinham obtido um resultado positivo da presença do vírus. Cada uma recolheu amostras genitais com um cotonete durante pelo menos 30 dias, sendo que, no total, foram recolhidas e analisadas mais de 28 mil amostras.

O vírus foi detectado em 20 por cento dos dias, em 410 pessoas que tinham sintomas, comparativamente a dez por cento dos dias nas pessoas que não tinham sintomas evidentes. No entanto, em ambos os grupos segregaram a mesma quantidade vírus durante os dias de propagação.

Estes dados sugerem a utilização de medidas preventivas sempre que possível. Entre elas o uso de preservativo, tomar diariamente um antiviral indicado e informar o parceiro sobre a infecção. De acordo com a investigação, "foi demonstrado que estas três estratégias reduzem a transmissão entre 30 a 50 por cento", facto que leva os cientistas a recomendar as pessoas a usarem todas estas medidas.

2011-05-11

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=48999&op=all

Peças escondidas no “lixo” genético (Descoberto sistema de barreiras no DNA que regula genes associados a doenças)

O esforço conjunto internacional de várias equipas de investigação, liderado por cientistas do Centro Andaluz de Biologia do Desenvolvimento (CABD) em Sevilha, levou à descoberta de sinais no DNA que regulam a expressão de diversos genes ligados a doenças humanas graves. O trabalho, que contou com a participação de Paulo Pereira, investigador do IBMC, será publicado no próximo número da revista Nature Structural & Molecular Biology.

No estudo são identificadas pequenas sequências de DNA, comuns aos genomas de muitas espécies, como ratos, galinhas e humanos, e que funcionam como barreiras entre genes vizinhos. Estes sinais de DNA, ou barreiras, têm uma função muito importante porque permitem que genes vizinhos no genoma mantenham a sua individualidade e que sejam regulados de formas distintas.
Este mecanismo poderá explicar, como exemplo, que proteínas com função enzimática sejam apenas produzidas no tecido ou órgão onde são necessárias. Assim, estes sinais de DNA isolam e protegem os genes de interferências provocadas por genes fisicamente próximos no genoma.

A sua identificação neste estudo poderá contribuir para uma melhoria no diagnóstico genético de doenças, porque permite a identificação dos genes afectados por mutações de risco, quando estas mutações não afectam a identidade da proteína produzida pelo gene, mas sim onde e quando essa proteína é produzida no organismo.

Para Fernando Casares (CABD), antigo investigador do IBMC e coordenador deste estudo, juntamente com José Luis Gómez Skarmeta (CABD), “é como se a nossa leitura actual do genoma fosse um poema do qual desconhecemos a métrica e os sinais de pontuação”.

Para o autor, as regiões descritas no artigo “são sinais de pontuação, constantes entre os vários tipos de células e entre organismos diferentes”. Segundo Paulo Pereira, “esta é uma contribuição importante para se compreender a organização dos genes, e obter mais benefícios da informação gerada pela sequenciação do genoma e identificação de mutações de risco”.

De acordo com o artigo, várias doenças genéticas de explicação complexa poderão ter origem em alterações nestes segmentos de DNA que, no fundo, controlam a expressão de genes próximos. Isto traduz, de forma clara, a ideia que muitas doenças de foro genético poderão não estar directamente relacionadas com alterações da identidade da proteína produzida pelo gene afectado, mas sim por alterações no local e na intensidade de produção da proteína. De facto, os autores verificaram, por exemplo, que existem sequências destas a ladear genes que quando não funcionais conduzem à esclerose múltipla, uma doença neurodegenerativa grave.
A descoberta agora publicada deverá ter enorme impacto na investigação que desenvolve em várias doenças genéticas e levar ao repensar de potenciais terapias e diagnósticos, ao demonstrar que mínimas alterações em sequências flanqueadoras poderão ser a razão da doença e não a alteração dos genes em si.

2011-05-27

Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49300&op=all

Informação adicional (Artigo original em inglês): http://www.nature.com/nsmb/journal/v18/n6/full/nsmb.2059.html

Parkinson e Alzheimer ‘dificultam a vida’ aos investigadores (Doenças requerem marcadores preditivos eficazes)

Ainda não existe nada que seja eficaz em travar a progressão da doença de Parkinson ou o aparecimento de Alzheimer. No entanto, nos próximos anos, espera-se que os resultados de estudos a decorrer possam permitir um diagnóstico precoce ou mesmo uma cura para estas doenças que afectam cada vez mais pessoas.
No segundo dia da Reunião da Sociedade Portuguesa de Neurociências, que decorreu entre quinta-feira e sábado, em Lisboa, Joaquim Ferreira e Alexandre de Mendonça abordaram a questão da «Progressão da doença de Parkinson» e a importância de «Identificar precocemente a doença de Alzheimer».
Em entrevista ao Ciência Hoje (CH), Joaquim Ferreira afirmou que actualmente, “aquilo que os médicos e que os investigadores procuram” fazer em relação ao Parkinson, “é interferir na progressão da doença”. Para o investigador da Faculdade de Medicina de Lisboa (FML) e do Instituto de Medicina Molecular (IMM), “mais do que tratar os sintomas, procura-se idealmente curar a doença”. Mas, “assumindo que é difícil”, tenta-se “pelo menos modulá-la fazendo com que aconteça mais tarde coisas que geram incapacidades para os doentes”, explica. E acrescenta: “o objectivo último de tudo o que se faz em termos de investigação é conseguir atrasar a progressão ou idealmente curar. Muitas vezes, concentramo-nos em curar os sintomas porque não temos boas armas para interferir verdadeiramente na doença”.
Existem “vários problemas que estão relacionados com a doença, que não nos facilita a vida, e com a metodologia, para a qual ainda não temos solução”, afirma Joaquim Ferreira. “Um dos problemas metodológicos é não termos marcadores que permitam, com menos doentes e num mais curto espaço de tempo, tirar conclusões que sejam indiscutíveis”, explica.
O mais importante em termos de investigação nesta área é, de acordo com o cientista, existirem “marcadores que fossem resultado de um estudo de imagem, de um estudo neurofisiológico, de um parâmetro clínico, que permitisse num grupo pequeno de doentes ter uma boa pista de que determinado composto interfere na doença”. Mas, em “40 anos de investigação” à doença de Parkinson “ainda não houve nenhuma pista” que permitisse encontrar esses marcadores. Por isso, “o envelhecimento natural continua a ser o melhor factor que permite predizer o aparecimento da doença”.
Neste momento, Joaquim Ferreira e equipa do IMM estão a avaliar parâmetros clínicos, isto é, “escalas clínicas ou desenho dos estudos, que permitam tirar estas conclusões”. Outra das áreas de investigação “tem a ver com o rever todos os dados disponíveis no sentido de dizer quais é que são as intervenções terapêuticas eficazes, quais é que são aquelas para as quais não existem dados que suportem o seu benefício”.

Diagnóstico precoce

“As estimativas” apontam para que existam “cerca de 70 mil pessoas com doença de Alzheimer em Portugal”, afirma Alexandre de Mendonça ao CH. No entanto, o investigador da FML e do IMM sublinha que “quando indicamos estes valores, não estamos a incluir outras formas de demência frequentes, nem os pacientes em que os defeitos cognitivos não atingem uma gravidade compatível com demência”. Estas são pessoas “que também têm um risco de progredir para demência e que manifestam queixas e dificuldades na vida diária em consequência dos esquecimentos e alterações cognitivas”.
A queixa inicial que poderá identificar o início de um problema “são os esquecimentos”, explica Alexandre de Mendonça. E, “muitas vezes, os próprios familiares a certa altura acham que esses esquecimentos são exagerados e estranhos para a idade e levam a pessoa ao médico”. Segundo o investigador, “em geral, quando os doentes e familiares vão ao médico por esse problema, quase sempre existe alguma coisa que deve ser vista porque é preocupante”.

A razão pelo qual é difícil diagnosticar precocemente a doença de Alzheimer prende-se com o facto de “todos nós termos alguns esquecimentos e isso pode não ser, só por si, muito valorizado”. Daí a importância de identificar “marcas da doença” que permitam “puder dizer que, embora seja uma fase muito precoce, a doença já está presente”.
Alexandre de Mendonça sublinha que para “diagnosticar, num futuro muito cedo, a doença, vamos ter de recorrer a biomarcadores”. Estes biomarcadores já existem, apesar de ainda não se saber “qual a melhor combinação dos biomarcadores em termos preditivos”.
A “vantagem do diagnóstico precoce é os doentes poderem entrar em ensaios clínicos destinados a atrasar a progressão da doença”. Segundo o cientista, “vários centros em Portugal já têm ensaios clínicos nesta área, sendo talvez o mais importante realizado com um anti-corpo monoclonal dirigido contra o beta-amilóide”, no qual o próprio participa. Mas existem também “outros ensaios, alguns a decorrer, outros a começar, com outras moléculas”, o que demonstra “um grande esforço dos investigadores no nosso país”.

2011-05-31

Por Susana Lage

mRNA Expression Signatures of Human Skeletal Muscle Atrophy Identify a Natural Compound that Increases Muscle Mass

Summary

Skeletal muscle atrophy is a common and debilitating condition that lacks a pharmacologic therapy. To develop a potential therapy, we identified 63 mRNAs that were regulated by fasting in both human and mouse muscle, and 29 mRNAs that were regulated by both fasting and spinal cord injury in human muscle. We used these two unbiased mRNA expression signatures of muscle atrophy to query the Connectivity Map, which singled out ursolic acid as a compound whose signature was opposite to those of atrophy-inducing stresses. A natural compound enriched in apples, ursolic acid reduced muscle atrophy and stimulated muscle hypertrophy in mice. It did so by enhancing skeletal muscle insulin/IGF-I signaling and inhibiting atrophy-associated skeletal muscle mRNA expression. Importantly, ursolic acid's effects on muscle were accompanied by reductions in adiposity, fasting blood glucose, and plasma cholesterol and triglycerides. These findings identify a potential therapy for muscle atrophy and perhaps other metabolic diseases.


Skeletal muscle atrophy is characteristic of starvation and a common consequence of aging. It also complicates a wide range of severe human illnesses, including diabetes, cancer, chronic renal failure, congestive heart failure, chronic respiratory disease, acute critical illness, chronic infections such as HIV/AIDS, spinal cord injury (SCI), muscle denervation, and many other medical and surgical conditions that limit muscle use. However, we currently lack medical therapies to prevent or reverse skeletal muscle atrophy in humans. Sequelae of muscle atrophy (including weakness, falls, fractures, opportunistic respiratory infections, and loss of independence) are thus commonplace in hospital wards and extended care facilities.
Previous studies demonstrated that skeletal muscle atrophy is driven by conserved changes in skeletal muscle gene expression (Bodine et al., 2001a,Sandri et al., 2004). We therefore hypothesized that pharmacologic compounds with opposite effects on gene expression might inhibit skeletal muscle atrophy. To test this, we first determined an mRNA expression signature of one atrophy-inducing stress (fasting) in human and mouse skeletal muscle. We then used these unbiased data in conjunction with the Connectivity Map (Lamb et al., 2006) to identify candidate small molecule inhibitors of muscle atrophy. This approach identified a natural compound that may have applications in the treatment of human skeletal muscle atrophy.

 Authors
Steven D. Kunkel
Manish Suneja
Scott M. Ebert
Kale S. Bongers
Daniel K. Fox
Sharon E. Malmberg
Fariborz Alipour
Richard K. Shields
Christopher M. Adams

From: http://www.cell.com/cell-metabolism/abstract/S1550-4131(11)00177-X#Summary
http://www.cell.com/cell-metabolism/abstract/S1550-4131(11)00177-X#Results

Casca da maçã pode solucionar problemas musculares (Estudo com roedores mostrou eficácia do ácido ursólico)

Ácido ursólico aumentou tamanho e força dos músculos

O ácido ursólico, uma substância encontrada na casca da maçã que reduz a gordura, os níveis de açúcar no sangue, o colesterol e os triglicerídeos, pode tornar-se numa boa solução para problemas de desgaste muscular. Uma investigação realizada com ratos, publicada na revista “Cell Metabolism”, mostrou que este componente reduziu o desgaste muscular e provocou o crescimento dos músculos nestes animais.
Christopher Adams, investigador da Universidade de Iowa e autor principal do estudo, acredita que esta substância poderá ser útil no tratamento de problemas como a atrofia muscular, que "é muito comum e afecta a maioria das pessoas nalguma altura da vida", embora ainda não haja medicamentos para solucioná-la.
Os investigadores estudaram a actividade genética nos músculos de pessoas com atrofias e usaram essa informação para procurar compostos químicos que pudessem impedir esse problema, sendo que um dos descobertos foi o ácido ursólico, que está concentrado na casca das maçãs. "Já diz o ditado 'uma maçã por dia mantém o médico longe' e decidimos testar o ácido ursólico nos ratos", assinalou Adams.

"Comprovámos que aumentou o tamanho e a força dos músculos dos ratos. Tal aconteceu graças ao auxílio de duas hormonas responsáveis pelos músculos: o factor 1 de crescimento (IGF-1) e a insulina", acrescentou.
Além de fortalecer a massa muscular, o tratamento "teve outros efeitos benéficos surpreendentes, como a redução da gordura no corpo, a diminuição da glicose no sangue e do colesterol", acrescentou o endocrinologista.
Adams e a sua equipa focaram sua atenção no ácido ursólico através de uma técnica relativamente nova, denominada de “mapa de conectividade”, que compara padrões de expressão genética nas células sob condições diferentes.

O grupo de investigadores verificou que os genes são activados ou desactivados no músculo humano durante a atrofia e comparou esse padrão com os de expressão genética em linhas de células cultivadas e tratadas com uma gama de compostos diferentes. Descobriram então que um desses compostos, o ácido ursólico, causa um padrão de expressão genética oposto ao padrão causado pela atrofia.
Nas experiências que realizaram provaram que os ratos alimentados com ácido ursólico estavam protegidos da atrofia muscular causada pelo jejum e por danos nervosos, enquanto os ratos saudáveis alimentados com ácido ursólico desenvolveram músculos maiores e mais fortes do que os que não receberam essa dieta.

2011-06-08

Vinho da Beira Interior previne cancro do estômago (Alta concentração de resveratrol inibe formação de tumores)

Casta touriga nacional é mais rica em resveratrol
Os vinhos tintos produzidos na Beira Interior são um bom produto para a prevenção de doenças como o cancro do estômago, segundo um estudo de Luísa Paulo, investigadora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade da Beira Interior (UBI).
A investigação, que deu origem a uma tese de doutoramento em biomedicina, revela que os néctares da região possuem maiores concentrações de resveratrol - substância anti-oxidante associada à prevenção de doenças cardiovasculares e diabetes -, sobretudo os produzidos com a casta touriga nacional.
“Este estudo veio demonstrar que aquela substância é inibidora da multiplicação da bactéria responsável pelo aparecimento de tumores no estômago”, explicou a investigadora, Luísa Paulo.

A investigadora, que já viu parte dos resultados publicados em três revistas científicas internacionais, considera que "a Beira Interior possui bons vinhos” e atribui os elevados teores de resveratrol no vinho da região às amplitudes térmicas a que as videiras estão sujeitas. "A produção dessa substância é uma forma de defesa que as plantas possuem”, adiantou.
Esta técnica superior do Centro de Apoio à Transferência Tecnológica Agro-Industrial, em Castelo Branco, adiantou que, para este trabalho, “foram analisadas 186 amostras de vinhos de todo o país”.
Na sua investigação, Luísa Paulo teve uma equipa de três orientadores, constituída pelo reitor da Universidade da Beira Interior, João Queiroz, e pelas docentes Eugénia Gallardo e Fernanda Domingues.
Eugénia Gallardo declarou à Lusa que, "no futuro, o objectivo será dar apoio aos próprios produtores, sobretudo no processo produtivo, de forma a que se possam ainda melhorar os níveis de resveratrol".
Com a tese de doutoramento já entregue, Luísa Paulo aguarda agora pela defesa pública da sua investigação.

2011-06-09

No caminho para tratar o autismo (Cientistas identificam novas regiões no genoma implicadas no distúrbio)

O autismo é causado por muitas pequenas variações no genoma, dizem investigadores

Centenas de pequenas variações genéticas estão associadas a perturbações do espectro do autismo, incluindo uma área de ADN que pode ser a chave para entender por que razão os seres humanos são animais sociais, afirmam investigadores da Universidade de Yale.
O estudo destes cientistas, publicado na revista Neuron, reforça a teoria de que o autismo, um distúrbio que se desenvolve na primeira infância, envolvendo deficiências na interacção social, deficits de linguagem e comportamentos distintos, não é causado por um ou dois grandes defeitos genéticos, mas por muitas pequenas variações, cada uma associada a uma pequena percentagem dos casos.
Matthew State, investigador que conduziu o estudo, analisou mais de mil famílias onde havia uma única criança com um transtorno do espectro do autismo, um irmão não afectado e pais não afectados. A equipa, incluindo o autor principal Stephan Sanders, da Universidade de Yale, comparou os indivíduos com autismo aos seus irmãos para determinar que tipos de mudanças genéticas distinguiam a criança afectada da criança não afectada.

Síndrome de Williams

Um dos aspectos mais intrigantes dos resultados aponta para a mesma pequena secção do genoma que causa a síndrome de Williams, um distúrbio do desenvolvimento marcado por alta sociabilidade e uma aptidão invulgar para a música.
“No autismo, há um aumento no material cromossómico, uma cópia extra desta região, e na síndrome de Williams, há uma perda desse mesmo material”, explica Matthew State. “O que torna esta observação interessante é que a síndrome de Williams é conhecida por um tipo de personalidade que é altamente empática, social e sensível ao estado emocional dos outros. Os indivíduos com autismo têm frequentemente dificuldades neste aspecto. Isto sugere que há um ponto importante nessa região para compreender a natureza do cérebro social”.

Matthew State e equipa também encontraram outras 30 regiões no genoma que são muito prováveis de contribuir para o autismo. “Agora estamos a avançar para uma segunda fase do estudo, em que analisámos mais mil e seiscentas famílias para podermos ser capazes de identificar várias regiões novas que estão fortemente implicadas no autismo”, refere o cientista.

Stephan Sanders e Matthew State estão optimistas com as novas descobertas, sugerindo que a genética é o primeiro passo para entender o que realmente acontece no cérebro a nível molecular e celular. “Podemos usar estes resultados genéticos para começar a desvendar a biologia subjacente do autismo”, revela Stephan Sanders. “Isso vai ajudar muito nos esforços para identificar novas e melhores abordagens para o tratamento”.

2011-06-09
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49536&op=all

Caril dá uma "ajuda" na quimioterapia (Curcumina é a substância que torna tratamento menos tóxico)

Utilização do caril implica menos riscos para os pacientes

Uma das substâncias do caril, a curcumina, pode ajudar pessoas submetidas a quimioterapia para cancro da cabeça e pescoço, diminuindo as doses de cisplatina administradas, revela um estudo publicado na revista "Archives of Otolaryngology".
Investigadores da Escola Médica da Universidade do Michigan, nos EUA, adicionaram um composto à base de curcumina (FLLL32) às linhas de células de laboratório de cancros da cabeça e pescoço, reduzindo assim a dose de cisplatina utilizada na quimioterapia, sendo que a eficácia do tratamento manteve-se.
Thomas Carey, autor principal do estudo e co-director do programa de oncologia de cabeça e pescoço do Comprehensive Cancer Center, explicou que "quando as células se tornam resistentes à cisplatina é necessário aumentar as doses". Acrescentou que, "no entanto, essas drogas são tão tóxicas que os pacientes que sobrevivem ao tratamento acabam por sofrer efeitos secundários a longo prazo".
O médico acredita que o seu estudo pode possibilitar o uso de doses mais baixas e menos tóxicas de cisplatina, atingindo resultados iguais ou melhores na eliminação de tumores, sem tantos riscos para os pacientes.
A principal razão que faz com que os tratamentos de cancro da cabeça e pescoço falhem é o facto de as células cancerígenas se tornarem resistentes à quimioterapia, o que acaba por fazer com que a doença regresse ou se propague, sendo o tempo estimado de esperança de vida para estes pacientes de cinco anos.

2011-06-02
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49389&op=all

Apresentação dos Projectos escolares do 12ºAno (Azambuja)

Nova estirpe da E.coli é responsável por surto de infecções (OMS diz que variante nunca tinha sido isolada em doentes)

Número de mortos aumentou ontem para 17

A Organização Mundial da Saúde anunciou hoje que é uma nova estirpe nunca antes detectada da bactéria E.coli que tem provocado centenas de infecções, algumas mortais, na Europa, segundo noticiou a agência Associated Press, de acordo com a Lusa.
A sequência genética sugere que a estirpe é uma mutação de dois tipos de E.coli, com genes letais que podem explicar o foco de infecção na Europa, sobretudo na Alemanha, que já causou 17 mortes.
Hilde Kruse, um perito em segurança alimentar da OMS, declarou que esta é uma "estirpe única que nunca tinha sido isolada em doentes". A nova estirpe tem "várias características que a tornam mais virulenta e mais produtora de toxinas", acrescentou o especialista.

Até ao momento, as autoridades e os investigadores ainda não conseguiram determinar a origem do surto infeccioso que se tem registado sobretudo na Alemanha.
O surto agravou-se na ontem, com o balanço do número de mortes a subir para 17 e com o registo de centenas de novos casos detectados, inclusivamente na Holanda e nos Estados Unidos em pessoas que, aparentemente, terão estado em trânsito na Alemanha.
A Comissão Europeia levantou ontem o alerta sobre os pepinos espanhóis, após a Alemanha ter reconhecido que estes não terão sido a causa do surto. Entretanto, mantêm-se análises a vários vegetais.

2011-06-02
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=49385&op=all

E.coli: «Fora do intestino, dá muitas 'chatices'» (Especialista explica acção da estirpe que está a assustar a Europa)



E.coli enterohemorrágica é, em casos extremos, mortal
Há uma semana, a Escherichia coli (E.coli) era completamente desconhecida para a grande maioria das pessoas, mas hoje está nas bocas do mundo graças às 16 mortes que uma das suas estirpes já provocou num curto espaço de tempo.

A estirpe que afectou as vítimas - e que hoje soube-se não corresponder à dos pepinos espanhóis a que tinha sido atribuída a origem do problema - é designada por serotipo EHEC 0104 e causa uma doença grave cujos sintomas principais são diarreia com sangue e insuficiência renal.

Apesar de os efeitos nefastos desta estirpe, a E.coli é “uma bactéria normal do intestino”, que toda a gente tem, pois é importante para a saúde. No entanto, “pode ganhar outras funções pela transferência horizontal de genes, tornando-se transportadoras de toxina. É uma bactéria intestinal que, fora do intestino, dá muitas ‘chatices’, como a insuficiência renal”, explicou ao «Ciência Hoje» José Moniz Pereira, coordenador do Centro de Patogénese Molecular-Unidade dos Retrovírus e Infecções Associadas da Universidade de Lisboa (UL).
Segundo o investigador, “algumas estirpes ganham genes que produzem toxinas e é assim que aparecem as diversas variantes de E.coli, que provocam vários tipos de patologias. Há algumas patogénicas, outras não, umas mais virulentas do que outras”.

Relativamente à E.coli enterohemorrágicas (EHEC), que tem provocado o surto de infecções alimentares na Alemanha, trata-se de uma estirpe com capacidade de produzir verocitotoxina, uma toxina que provoca no ser humano gastroenterites agudas, com cólicas abdominais, diarreia com sangue, febre moderada e vómitos, sintomas que podem evoluir, por força da queda do número de plaquetas, para uma síndrome hemorrágica, em alguns casos mortal.

Nesta fase mais grave, conhecida por síndrome hemolítica-urémica (SHU), a infecção já está espalhada pelo organismo. De acordo com José Moniz Pereira, neste estado, os vasos sanguíneos são afectados pela E.coli, na medida em que já entrou na circulação, “perturbando, sobretudo as funções renais”, com danos por vezes irreversíveis.


Origem do "surto" foi inicialmente atribuída a pepinos espanhóis
Esta estirpe patogénica da bactéria é de origem animal. O investigador da UL acredita que pode ser transferida para vegetais “que possam ter estado em contacto com dejectos animais”, através das águas de rega ou durante o transporte, venda ou preparação. Daí a “necessidade de os vegetais serem muito bem lavados”, sobretudo quando são ingeridos crus.

Uma vez que as bactérias sucumbem a temperaturas superiores aos 70 graus centígrados ou inferiores aos 20 negativos, as hortaliças que são cozidas durante dez minutos não apresentam este perigo de infecção, sendo que, à partida, os ultra-congelados também não.

Relativamente à utilização de antibióticos, estas bactérias podem ser resistentes a muitos deles, graças a “um plasmídeo de resistência, elemento genético extracromossómico que faz com que a bactéria ganhe mais funções”, revelou José Moniz Pereira.

Já Miguel Vicente Muñoz, investigador do Centro Nacional de Biotecnologia espanhol, disse ao jornal «El País» que “eliminar qualquer E.coli é difícil pois estão protegidas por uma capa de três camadas (outras como as da pneumonia só têm duas). Além disso, as estirpes malévolas têm genes de resistência a vários antibióticos e possuem, inclusivamente, mecanismos para aumentar a produção da toxina quando se pretende eliminá-las. O antibiótico, em vez de curar, pode agravar o problema”.

2011-06-01

Por Carla Sofia Flores